No dia 6 de agosto de 2025, o mundo volta seus olhos para uma causa que, aos poucos, vem ganhando mais visibilidade, respeito e empatia: o Transtorno do Espectro Autista (TEA). A data marca o Dia Mundial da Conscientização do Autismo — um momento de reflexão, aprendizado e, acima de tudo, de escuta.

Mas o caminho até aqui não foi simples. Os primeiros registros clínicos sobre o autismo datam da década de 1940, quando os psiquiatras Leo Kanner, nos Estados Unidos, e Hans Asperger, na Áustria, descreveram comportamentos característicos em crianças que apresentavam dificuldades de socialização e padrões repetitivos de comportamento. No entanto, por muito tempo, o autismo foi cercado por estigmas, diagnósticos equivocados e interpretações limitadas sobre as reais capacidades das pessoas no espectro.

Foi apenas em 2007 que a Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu oficialmente o 2 de abril como o Dia Mundial da Conscientização do Autismo, mas muitos países — como o Brasil — aproveitam outras datas do calendário para reforçar a pauta, como o 6 de agosto, que se consolidou como mais um marco de mobilização social.

De lá para cá, muito se avançou. O autismo passou a ser compreendido não como uma doença, mas como uma condição do neurodesenvolvimento que acompanha o indivíduo ao longo da vida. A ciência evoluiu, os profissionais foram se capacitando, e as famílias, antes isoladas, passaram a encontrar redes de apoio, orientação e acolhimento.

No Brasil, a Lei Berenice Piana (Lei nº 12.764), sancionada em 2012, foi um divisor de águas. Ela instituiu a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista, garantindo a essas pessoas o direito à saúde, à educação, ao trabalho, à dignidade e à cidadania plena. A partir desse marco, outras legislações surgiram, ampliando o acesso a terapias, diagnóstico precoce e inclusão escolar.

Mesmo assim, os desafios persistem. Ainda há longas filas de espera por atendimento, ausência de políticas públicas regionais eficientes e, sobretudo, muita desinformação. É preciso lembrar que o autismo se manifesta de forma única em cada indivíduo — o que exige uma escuta ativa, sem generalizações. A luta diária de mães, pais, cuidadores, terapeutas e, principalmente, das próprias pessoas com autismo, é por uma sociedade que acolha as diferenças e não apenas tolere.

As vitórias, no entanto, são inspiradoras. Crianças que antes eram rotuladas como “problemáticas” agora brilham em apresentações escolares. Jovens que enfrentaram bullying na infância hoje são influenciadores digitais, escritores, artistas, ativistas. E adultos diagnosticados tardiamente encontram finalmente uma explicação para anos de inadequações sentidas, transformando dor em potência.

Hoje, mais do que nunca, é preciso continuar falando sobre o autismo. Nas escolas, nos consultórios, nos lares, nos meios de comunicação. Porque só com conhecimento, respeito e inclusão é possível construir um mundo onde todos tenham espaço para ser quem realmente são.