Depois de ter o processo de cassação arquivado pelo Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara nesta quarta (29), o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) afirmou que a decisão do colegiado “deu mais força” para que ele continue e aumente a “guerra” contra o que classificou de “fundamentalismo homossexual” nas escolas brasileiras.

"A luta continua. [A decisão] Me deu mais força ainda. Estou no caminho certo. Não posso admitir o fundamentalismo homossexual, a apologia ao homossexualismo nas escolas. A guerra vai aumentar”, disse Bolsonaro, crítico das políticas de inclusão do governo federal para homossexuais. 

Bolsonaro era alvo de processo disciplinar por suposta prática de racismo e homofobia após ter dado declarações polêmicas em um programa de televisão. Ao ser perguntado pela cantora Preta Gil sobre como reagiria se o filho namorasse uma mulher negra, afirmou que não discutiria "promiscuidade".
O PSOL também queria cassar Bolsonaro por um bate-boca com a senadora Marinor Brito (PSOL-PA), depois que o deputado tentou exibir para as câmaras um folheto "antigay" durante entrevista da senadora Marta Suplicy (PT-SP).
Na tarde desta quarta, por dez votos a sete, e cinco ausências os integrantes do colegiado votaram contra o parecer prévio do relator, deputado Sérgio Brito (PSC-BA), que defendia a admissibilidade do processo e arquivaram o caso.
Questionado se havia se arrependido de ter instigado o polêmico embate com seguimentos defensores dos direitos homossexuais, principalmente em relação ao deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ), que é homossexual assumido, Bolsonaro reagiu com ironia.
“Vou me arrepender, pedir desculpa para o Jean Wyllys, que inclusive falou que tinha orgulho de ser veado? Tá de brincadeira. Toda a minha defesa estava pronta, e usaria caso fosse acolhida a denúncia. Vou colocar tudo na internet. Vou manter a minha postura. Fui eleito para falar, para ser parlamentar, colocar para fora minhas ideias. Esse bando não merece respeito”, afirmou Bolsonaro.
O deputado do PSOL avaliou que a decisão do conselho em livrar Bolsonaro de um processo administrativo é perigosa porque irá incentivar manifestações parecidas contra homossexuais.
“Acho uma decisão perigosa, porque se o deputado Bolsonaro já violava explicitamente e despudoradamente a dignidade da pessoa humana de homossexuais e de negros, agora ele vai deitar e rolar. De negros ele até recuou, porque sabe que existe uma lei que criminaliza o racismo. Ele recuou dos ataques aos negros para investir pesadamente nos ataques aos homossexuais”, afirmou Wyllys.
Questionado se o conselho havia sido conservador, Wyllys lembrou a reação do próprio Bolsonaro ao receber a decisão.
“O deputado Jair Bolsonaro, quando recebeu o resultado, sorriu e falou assim: ‘Não esperava outro resultado, afinal, a maioria do conselho é hetero’.” 

Fonte: 180 graus