Novo foco de acusações de corrupção no governo, o Ministério da Agricultura, comandado pelo PMDB, não exerce controle adequado sobre operações milionárias. Segundo auditoria do Tribunal de Contas da União, o resultado é a abertura de brecha para desvios de verba, informa reportagem de Breno Costa publicada na Folha desta terça-feira.
A investigação, aprovada em junho pelos ministros do tribunal, foi realizada no ministério e em órgãos a ele vinculados, como a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento).
"[Verifica-se] a inexistência de uma sistemática efetiva de controles internos no ministério, o que se mostra temerário por tratar-se de um órgão que exerce a fiscalização de transações de grande valor econômico, com poderes de aplicação de multas, apreensão de mercadorias, interdição de estabelecimentos", diz o relatório.
O Ministério da Agricultura informou, em nota, que o ministro Wagner Rossi já determinou "às áreas pertinentes a máxima atenção para o cumprimento das determinações do tribunal", em relação à melhoria dos mecanismos de controle interno.
"Consta a implantação de ações de mapeamento e automação dos processos internos do ministério, e de rotinas de controle interno, que estão sendo executadas nas condições condizentes com o seu orçamento anual e a complexidade de seus processos", diz a nota.
‘Despreparado’
As denúncias contra a pasta foram feitas por Oscar Jucá Neto, irmão do líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), e ex-diretor financeiro da Conab, à revista "Veja".
Na segunda-feira, Rossi negou que exista a necessidade de fazer uma "faxina" no órgão e afirmou que Jucá Neto é "despreparado para o cargo". Rossi admitiu que Jucá Neto foi indicado para o cargo por ser irmão do líder do governo no Senado e disse que ele foi pego "numa flagrante ilegalidade e agora quer criar uma crise política ao tentar colocar todo mundo no mesmo saco".
Também na segunda-feira, o senador pediu desculpas à presidente Dilma Rousseff pela postura de seu irmão.
Em reunião reservada com a presidente, o líder governista disse que "desaprova a conduta" de Jucá Neto. "Foi um absurdo o que ele fez, eu desaprovei a sua conduta. Pedi desculpas à presidente e já tinha também conversado com o ministro Wagner Rossi [Agricultura]. Ele viajou, eu não sabia que ele daria entrevista. Tenho que discordar da sua postura", afirmou o líder.
Fonte: Folha