Edson Ribeiro era esperado pela PF no aeroporto do Galeão.
BRASÍLIA E RIO – O advogado Edson Ribeiro, um dos acusados de tentar obstruir as investigações da Operação Lava-Jato, foi preso na manhã desta sexta-feira, ao desembarcar no aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro. O advogado foi localizado pela polícia americana e concordou em voltar ao Brasil voluntariamente. A Polícia Federal e o Ministério Público Federal foram avisados e ficaram de prontidão para prender o advogado.
Edson Ribeiro embarcou num voo da TAM em Miami e chegou ao Rio às 8h04m. Ele foi detido por agentes da PF e encaminhado para uma sala do aeroporto. Em seguida, ele será encaminhado para a sede da Polícia Federal no Rio. O advogado teve a prisão decretada pelo ministro Teori Zavascki, relator da Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), na terça-feira, no mesmo despacho em que foram emitidas as ordens de detenção do senador Delcício Amaral (PT-MS), do chefe de gabinete dele, Diogo Ferreira, e do banqueiro André Esteves, dono do BTG Pactual. Antes de ter a prisão decretada, Ribeiro já estava nos Estados Unidos.
Ontem, Teori determinou a inclusão do nome do advogado na lista da difusão vermelha da Interpol. Horas depois, ele foi localizado pela polícia americana. O Ministério Público Federal avisou aos americanos que o advogado tinha dois prováveis endereços em Orlando, um deles seria uma casa perto de um parque aquático. A partir das informações, a polícia americana teria rastreado a movimentação do advogado na região.
A volta do advogado espontaneamente ao Brasil é considerada uma vitória dos investigadores. Se fosse preso nos Estados Unidos, a Procuradoria-Geral da República teria que pedir a extradição dele, um processo que poderia se arrastar por um longo período.
O advogado é acusado de se associar a Delcídio e Esteves para tentar manipular decisões do STF e do Superior Tribunal de Justiça para atrapalhar a Lava-Jato e, ao mesmo tempo, de tramar a fuga do ex-diretor de Internacional da Petrobras Nestor Cerveró. Diálogos que mostram a trama foram gravados por Bernardo Cerveró, filho do ex-diretor, e entregues à Procuradoria Geral da República.
O conteúdo da conversa surpreendeu os procuradores do caso. Para eles, pareceu inacreditável que o grupo tenha se reunido para tramar contra ministros do STF, do STJ e, ao mesmo tempo, patrocinar a fuga de um dos principais réus das investigações. Cerveró está preso em Curitiba desde o ano passado e recentemente fez acordo de delação premiada com a Procuradoria Geral da República.
Leia e trechos da conversa que tratava do plano de fuga:
DELCÍDIO: Hoje, eu falo, porque acho que o foco é o seguinte, tirar; agora a hora que ele sair tem que ir embora mesmo.
BERNARDO (FILHO DE CERVERÓ): É, eu já até pensei, a gente tava pensando em ir pela Venezuela, mas acho que… deve sair, sai com tornozeleira, tem que tirar a tornozeleira e entrar, acho que o melhor jeito seria um barco… É, porque aí chega na Espanha, pelo menos você não passa por imigração na Espanha. De barco, de barco você deve ter como chegar…
EDSON RIBEIRO (ADVOGADO DE CERVERÓ): Cara é muito longe.
DELCÍDIO: Pois é, mas a ideia é sair de onde de lá?
BERNARDO: Não, da Venezuela, ou da…
EDSON: É muito longe.
DELCÍDIO: Não, não…..
BERNARDO: Não, mas o pessoal faz cara, eu tenho um amigo que trouxe um veleiro agora de…
EDSON: Não, tudo bem, (vai matar o teu velho).
BERNARDO: É … mas não sei, acho que…
EDSON: [risos] … Pô, ficar preso (…)
BERNARDO: Pegar um veleiro bom…
DELCÍDIO: Não, mas a saída pra ele melhor é a saída pelo Paraguai…
BERNARDO: Mercosul…
EDSON: Mercosul, porque o pessoal tem convenções no Mercosul, a informação é muito rápida.
DELCÍDIO: É?
EDSON: É
EDSON: E ao inverso… seria melhor, porque ele tá no Paraná, atravessa o Paraguai…
DELCÍDIO: A fronteira seca…
EDSON: (…) Entendeu? E vai embora, eu já levei muita gente por ali, mas tem convênio, quando você sai com o passaporte, mesmo…
DELCÍDIO: Eles trocam…
EDSON: (…) Rápido, Venezuela não tá no Mercosul, então a informação é mais demorada, um pouco mais
Fonte: Globo.com