Desde que Michel Temer assumiu o volante, não há semana em que não seja obrigado a parar no acostamento. Já desembarcaram dois ministros: Romero Jucá (Planejamento) e Fabiano Silveira (Transparência). Nesta segunda-feira, achega-se à porta o terceiro: Henrique Eduardo Alves (Turismo) apalpou verbas sujas oriundas da Petrobras, informou ao STF o procurador-geral Rodrigo Janot.
Ao cercar-se de suspeitos e de seus prepostos, Temer jogou óleo na própria pista. Agora, derrapa constantemente num instante em que se esperava que exibisse um itinerário confiável. Em entrevista, o ministro Eliseu Padilha declarou: “Na Lava Jato, se aparecer alguém do governo, já se sabe qual a posição do presidente: é que a pessoa deixe a equipe.”
Desse modo, acredita Padilha, o governo “não será atingido diretamente de nenhuma forma, fica preservado.” O raciocínio de Padilha é manco e ilusório. É manco porque nos dois primeiros desembarques ficou evidente o desejo de Temer de proteger os auxiliares enrolados. É ilusório porque o governo já foi atingido. Ninguém nomeia tantos suspeitos impunemente.
Perguntou-se a Padilha: Qual será o legado do governo Temer? E o ministro: “…Sair do desajuste fiscal em que nos encontramos e contribuir para que a corrupção seja erradicada do serviço público.”
De duas, uma: ou Temer guarda na gaveta uma agenda secreta que inclui o extermínio do seu PMDB ou a ideia de erradicar a roubalheira é apenas uma evidência do insuspeitado talento de Eliseu Padilha para a comédia. Agora mesmo, o governo articula a entrega do comando da Eletrobras a um apadrinhado de Renan Calheiros.
Fonte: Uol