Biometria já identificou mais de 15 mil fraudes eleitorais em dois anos (Foto: Roberto Jayme/Ascom/TSE)
Biometria já identificou mais de 15 mil fraudes eleitorais em dois anos (Foto: Roberto Jayme/Ascom/TSE)

Em 2015, os funcionários de um banco em Goiânia desconfiaram do documento apresentado por um cliente que queria abrir uma conta. E decidiram chamar a polícia.

Os dados do suspeito foram enviados também à Justiça Eleitoral. Lá, foi verificado que o homem tinha a digital cadastrada – mas não apenas uma vez.

O estelionatário tinha ido a 51 cartórios eleitorais de Goiás e em cada um apresentou nome, data de nascimento e documento de identidade diferentes. Em todas as vezes, saiu com um título de eleitor.

A fraude foi detectada graças à biometria, que cadastra a impressão digital: ela é única e impede que uma pessoa tente se passar por outra no momento da votação. Antes dessa tecnologia, o homem teria conseguido votar até 51 vezes. Agora, responde a um processo criminal.

O caso é o que mais chama atenção num balanço feito pelo Tribunal Superior Eleitoral a que a CBN teve acesso com exclusividade. A biometria começou a ser implantada em 2008 e hoje, um terço dos eleitores do país tem a digital cadastrada.

Entre as eleições de 2014 e 2016, foram verificados 15.600 casos de pessoas com mais de um título de eleitor. O maior número é em Alagoas, onde mais de dois mil documentos estavam duplicados. São Paulo e Goiás vêm logo em seguida como os estados com o maior número de fraudes.

Os títulos foram cancelados e os dados enviados ao Ministério Público, para ser investigados. O presidente do TSE, Gilmar Mendes, diz que a ideia é expandir o uso da biometria para verificar irregularidades não apenas no processo eleitoral:

‘A gente tem muita confiança de que esse base de dados do TSE poderá ser compartilhada para criar um sistema de um governo eletrônico, um e-government. Estamos muitos animados, não se trata de um sistema apenas para a Justiça Eleitoral, mas para o governo como um todo.’

Na semana passada, a Câmara dos Deputados aprovou a criação de uma identidade única, para reunir em um só documento dados como CPF, RG e título de eleitor. Hoje, cada brasileiro chega a ter até 22 documentos, o que facilita fraudes.

A ideia é compartilhar o banco de dados do TSE, para que a biometria seja usada na identificação de irregularidades no INSS e no Bolsa Família, por exemplo. Quatro unidades da federação já cadastraram a digital de todos os eleitores: Brasília, Alagoas, Amapá e Sergipe.

A meta é chega é chegar aos 100% em todo o país até 2022. O custo dessa tecnologia é de R$ 2 por eleitor.

Fonte: CBN