Na Praça da Graça, em Parnaíba, muitos trabalhadores encontram na movimentação diária uma forma de sustento. Entre eles está Maria Gorete, que conquista a clientela com um cafezinho fresco e uma variedade de salgados preparados por ela mesma, além da refrescante água de coco. Há 13 anos, a praça se tornou seu local de trabalho. Todos os dias, ela enfrenta desafios para garantir o sustento da família e relembra como transformou seu negócio itinerante na principal fonte de renda.

“A gente tem que correr atrás e se virar. Quem tem família para sustentar e não tem um trabalho fixo precisa se adaptar para sobreviver sem depender de terceiros. A gente procura se reciclar para ir fazendo acontecer. Há 13 anos, foi muito complicado, porque eu trabalhava com a minha família e resolvi trabalhar por conta própria. Foi sofrido, mas, graças a Deus, tive grandes ajudas. Muita gente me ajudou, tenho clientes fiéis. A gente tem que ser muito perseverante, tem que ter sangue no olho mesmo”, conta.

O comércio ambulante já faz parte da identidade de Parnaíba, integrando-se à rotina dinâmica da cidade e ao cenário das ruas. E quando se fala em tradição, quem não conhece o famoso hot dog do Neguinho? Por trás desse sucesso está Francisco de Assis, um dos pioneiros no ramo dos negócios itinerantes. Há mais de duas décadas, ele começou com um carrinho simples e, hoje, seu hot dog se tornou uma referência na cidade. Francisco relembra o início de sua trajetória e os desafios que enfrentou para alcançar o reconhecimento.

“Os desafios foram grandes. Primeiro, porque começar do zero em qualquer negócio é difícil, né? Então, eu tinha que trabalhar com cautela. Por exemplo, se eu tinha oportunidade de vender 100 lanches, eu investia em 30 ou 40 cachorros-quentes para não correr o risco de ter prejuízo e, no dia seguinte, ficar sem capital de giro. O desafio foi aprender diariamente com a prática para entender qual era a melhor forma de trabalhar e manter sempre o mesmo padrão”, explica.

O comércio itinerante enfrenta desafios constantes para competir com os estabelecimentos fixos, que oferecem mais estrutura e conforto aos clientes. Há 30 anos, ou até mesmo 13 anos atrás, a realidade era bem diferente. Com menos concorrência e um público mais acostumado a consumir nas ruas, os vendedores ambulantes tinham um espaço garantido no dia a dia da cidade. Hoje, eles precisam se reinventar para continuar atraindo a clientela.

“Antes, eu vendia no mínimo 80 cocos por dia. Hoje, vendo essa mesma quantidade na semana. Mas como eu também tenho o café, um produto acaba suprindo a necessidade do outro, e assim eu consigo me manter. A concorrência aumentou, mas, mesmo assim, como já tenho um bom tempo no ramo, meus clientes sabem a qualidade do que vendo e vêm diretamente a mim, o que facilita”, relata Maria Gorete.

A história do Neguinho Hot Dog e de Maria Gorete se entrelaça com a de tantos outros trabalhadores que, com esforço e criatividade, fazem do comércio ambulante uma peça essencial da economia de Parnaíba. Seja com um café quente ou um lanche rápido, eles movimentam a Praça da Graça e fazem parte da identidade da cidade.