Um ex-executivo da empreiteira Odebrecht citou em delação premiada mais de 20 políticos, entre eles, caciques do PMDB como Renan Calheiros, Moreira Franco, Eduardo Cunha, Eunício Oliveira e Romero Jucá. Também é citado o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Todos teriam recebido dinheiro da empreiteira.
O trecho faz parte da delação na qual ele afirma que parte de um valor prometido pela construtora ao PMDB na campanha eleitoral de 2014 foi entregue em dinheiro vivo no escritório de advocacia de José Yunes, amigo e assessor do presidente Michel Temer.
O delator disse ainda que o ministro Eliseu Padilha (Casa Civil) era um dos operadores dos recursos para Temer. O ex-vice-presidente de Relações Institucionais da Odebrecht Cláudio Melo Filho foi o autor da delação à força-tarefa da Operação Lava Jato. A informação foi publicada pelo site BuzzFeed ontem e revista Veja.
A Odebrecht assinou no dia 1º de dezembro o acordo de leniência com os procuradores da Lava Jato. No dia seguinte, foi concluído o processo de assinatura de acordos de delação premiada de 77 executivos do grupo.
Para que as delações sejam homologadas (validadas) pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Teori Zavascki, os executivos precisam prestar depoimentos aos procuradores detalhando os fatos que apresentaram de maneira resumida ao longo da negociação, nos chamados anexos. A expectativa é que todos estejam concluídos até o fim deste ano.
A delação premiada de executivos da Odebrecht é vista como um risco para o presidente Michel Temer no processo que corre no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e investiga irregularidades na campanha presidencial de 2014. Há um temor no Planalto e no Judiciário de que os executivos da empreiteira levantem novas suspeitas sobre a origem das doações feitas à campanha, fortalecendo a acusação de que houve abuso de poder econômico na disputa.
A colaboração da Odebrecht pode atingir o TSE do seguinte modo: caso a instrução do processo ainda não tenha sido dada como concluída, novos depoimentos podem ser solicitados e juntados como indicações a favor da acusação. Ainda que isso não seja feito, no entanto, há um receio de interlocutores de Temer de que haja uma contaminação política do julgamento pelo TSE, considerada a corte “mais politizada” entre os tribunais superiores.
Fonte: O Povo