Dezenas de filhotes de tartaruga-de-pente foram liberados na tarde desta terça-feira (27), na Praia do Arrombado, município de Luís Correia. A soltura foi coordenada por voluntários e biólogos do projeto Instituto Tartarugas do Delta, e também por dezenas de populares que tiveram a oportunidade de aprender mais sobre o processo reprodutivo das tartarugas e a importância da preservação das áreas de praia do litoral piauiense.

Segundo Werlanne Magalhães, vice-presidente do Instituto Tartarugas do Delta, nesta temporada reprodutiva já foram catalogados mais de 200 ninhos ao longo dos 66 Km de litoral, sendo a Praia do Arrombado o principal berçário dos animais que visitam as praias do Piauí. “Estamos no mês de março e já identificamos mais de 200 ninhos, superando todas as expectativas dos anos anteriores”, destacou.

Ainda de acordo com a pesquisadora, um dos desafios nesse momento é colaborar para que os ninhos não sofram perturbações ambiente e, assim, possam ter o máximo de sucesso possível. “Essa é uma área que tem muita ocupação humana, como bares, restaurantes e hospedagens. Dessa forma, a praia vai perdendo suas características naturais, o que acaba atrapalhando o percurso das tartarugas no momento que elas chegam para desovar e também na saída dos filhotes desses ninhos. Muitas vezes esses animais precisam ultrapassar o calçamento, entrar em cercados, e tudo isso vai dificultando o sucesso desse processo reprodutivo”, enfatiza.

Antes de realizar a soltura dos filhotes, os voluntários aproveitam o momento com a população para promover uma maior consciência ambiental, informando as características do litoral piauiense que propiciam a reprodução das tartarugas, assim como também destacando medidas de preservação que toda a comunidade pode adotar para colaborar com a reprodução dos animais.

O professor de biologia, Paulo Afonso, levou duas turmas de Ensino Médio de uma escola de Parnaíba para vivenciar o momento. “Valorizamos muito o trabalho que agrega teoria e prática, por isso, hoje viemos acompanhar o nascimento desses filhotes para que os estudantes do 1º e 2º anos possam conhecer e vivenciar essa experiência, bem como desenvolvendo uma maior consciência ambiental”.

A estudante Maria Luísa de Carvalho define a vivência como um momento de grande aprendizado. “Conseguimos entender exatamente como funciona a reprodução das tartarugas marinhas e também as precauções que precisamos ter nas praias, evitando acidentes e colaborando com o processo reprodutivo”, disse.

Atualmente, o litoral do Piauí é visitado por todas as cinco espécies de tartarugas marinhas que se existem no Brasil, são elas tartaruga-de-pente, cabeçuda, verde, oliva e de couro. Somente no na temporada reprodutiva de 2023, mais de 22 mil animais foram liberados na natureza a partir dos ninhos confeccionados nas praias do estado.

Conforme dados dos pesquisadores, em média, de um total de mil filhotes apenas dois chegam à fase reprodutiva, retornando cerca de 20 anos depois na mesma região de praia onde nasceu para dar seguimento ao ciclo. “Por isso, é tão importante esse processo de preservação das nossas praias e proteção dos ninhos. Cada fêmea que identificamos aqui recebe uma anilha de monitoramento para que assim possamos fazer esse trabalho de conservação”, diz Werlanne Magalhães.