Elo cinza: Ponte Simplício Dias completa 50 anos desde sua inauguração
A ponte Simplício Dias é um verdadeiro marco histórico de Parnaíba, compondo a paisagem do Porto das Barcas. No último dia 10 de março, essa imponente obra completou 50 anos de história. E, ao longo desse tempo, passou por poucas intervenções estruturais, o que evidencia sua resistência e a qualidade dos materiais e técnicas utilizados em sua construção. Mas o que torna essa ponte tão única e diferente das construções atuais? vamos conferir na reportagem.
O fluxo é constante. Carros e motos deslizam sobre o asfalto quente da ponte Simplício Dias. Lá embaixo, o imponente Rio Iguaçu segue seu curso, indiferente à pressa dos que passam. São trabalhadores, estudantes, comerciantes—gente que cruza a ponte todos os dias, sem se dar conta da grandiosidade da estrutura que conecta histórias e encurta distâncias.
Aos 60 anos, o pescador Antônio Honório lembra bem da época em que a travessia entre o bairro Ilha de Santa Isabel e o Centro de Parnaíba só era possível de barco. “Era um tempo difícil, ainda mais para quem dependia da pesca e precisava atravessar diariamente”, conta. Para ele, a construção da ponte foi um divisor de águas, facilitando a vida dos moradores da região.

Mesmo após meio século, a estrutura permanece intacta, o que levanta uma questão: como uma obra tão antiga conseguiu resistir tão bem ao tempo?
“É uma estrutura que foi feita com a tecnologia de balanços sucessivos, uma obra que exigiu muita perícia e competência”, explica o arquiteto e urbanista Régis Couto.
Construir uma ponte da magnitude da Simplício Dias exige um grande investimento, tanto financeiro quanto tecnológico. No Brasil, os desafios são ainda maiores devido aos altos custos de materiais, da mão de obra especializada e da infraestrutura necessária para um projeto dessa complexidade.
“Foi uma ousadia, como todas as obras feitas pelo então governador Alberto Silva. São estruturas que exigiram planejamento e inovação. Essa ponte, em especial, precisou atender a exigências da Marinha, garantindo um vão livre de 25 metros entre a água e a parte inferior da ponte. Isso era necessário para permitir a passagem de embarcações de grande porte, como os veleiros oceânicos que poderiam utilizar a marina de Parnaíba para manutenção e abastecimento”, detalha Régis.
Com a técnica de construção por balanços sucessivos—um método inovador na época—os engenheiros conseguiram erguer a ponte com precisão até que as extremidades se encontrassem no meio do vão.

E assim, entre passos apressados e motores que nunca se calam, a ponte segue firme, testemunha de chegadas e partidas. Ela se estende como um elo sobre as águas, conectando vidas e transformando o tempo em travessia.