Advogado de tenente diz que ele deu detalhes do que fazia no dia do crime.

O depoimento dos três policiais militares suspeitos de matar a juíza Patrícia Acioli, em Niterói, na Região Metropolitana do Rio, terminou por volta das 21h30 desta terça-feira (13), na Divisão de Homicídios (DH), na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio.

O depoimento mais longo foi o do tenente Daniel Benitez, que durou três horas e 15 minutos. Os cabos Sérgio Costa Júnior e Jefferson de Araújo Miranda foram ouvidos em seguida.

De acordo com a advogada dos cabos, Alzira de Castro Garcia, os policiais negaram qualquer participação no crime. Ela contou que teve acesso rápido ao processo e que os policias têm álibis para o dia do crime, mas disse não poder adiantar mais nada.

“Tive hoje o primeiro contato com o processo. Mas uma coisa é certa: eles negam qualquer participação no crime. Não tive acesso a tudo, ainda não analisei todas as provas, mas eles têm ábilis para o dia da morte da juíza”, disse a advogada, que acredita que devido à complexidade do processso um dos cabos deverá constituir um outro advogado para fazer sua defesa.

Prisão decretada

No domingo (11), a Justiça decretou a prisão temporária dos três pelo assassinato de Patrícia. Os PMs já estavam presos na Unidade Especial Prisional, em Benfica, sob suspeita da morte do jovem de 18 anos.

O caso era acompanhado pela juíza Patrícia Acioli, que horas antes de morrer pediu a prisão dos três suspeitos. Segundo as investigações, para não serem presos, eles decidiram matá-la, no entanto, eles não sabiam que as prisões já tinham sido decretadas.

PMs achavam que não seriam presos, diz Beltrame

Em coletiva na tarde de segunda, o secretário de Segurança Pública do Rio, José Mariano Beltrame, afirmou que os três PMs achavam que não seriam presos se matassem a magistrada: “O ideal seria que não tivesse acontecido, mas em acontecendo, nós temos a obrigação de apurar”, afirmou o secretário.

De acordo com o delegado titular da Divisão de Homicídios, Felipe Ettore, o inquérito só será concluído em 30 dias, depois que a polícia descobrir de qual arma partiu o tiro que matou a juíza.

Segundo investigadores, ainda na segunda, os agentes cumpriram 16 mandados de busca e apreensão. Eles estiveram na casa dos policiais acusados de matar a juíza e na residência de familiares. Ainda na segunda-feira, quase 700 armas, calibre 38 e 40, foram recolhidas do 7º BPM (São Gonçalo). As armas foram levadas para a DH e devem ser encaminhadas ainda nesta terça para o Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE), onde serão periciadas.

Crime contra juíza foi premeditado

Na época da morte do jovem de 18 anos, no Morro do Salgueiro, em São Gonçalo, na Região Metropolitana, os policiais afirmaram que agiram em legítima defesa, o que não foi comprovado pelas investigações. Segundo Ettore, os três foram à favela ameaçar a família do jovem morto, mas não a encontraram. No dia 11 de julho, eles foram até a residência da juíza Patricia Acioli verificar o local, já pensando num possível assassinato, ainda de acordo com o delegado.

No dia do crime, eles receberam a informação da advogada deles de que a prisão seria decretada. Antes de Patricia deixar o Fórum de São Gonçalo, ela decidiu decretar a prisão do trio. Mas, segundo a polícia, os suspeitos não sabiam que a prisão já havia sido decretada. “A forma de impedir isso seria matando ela. Eles foram até o Fórum e seguiram Patricia até a porta da casa dela”, disse Ettore.

De acordo com o presidente da Amaerj, Antônio César de Siqueira, no dia em que foram na casa da juíza (11 de julho), os três PMs usaram um carro do 12º BPM (Niterói) que não possui GPS.

Advogada de PMs é investigada

O presidente do TJ-RJ, Manoel Alberto Rebelo dos Santos, informou que a conduta da advogada dos PMs suspeitos está sendo investigada. “O MP vai verificar se a advogada dos criminosos colaborou no crime. A princípio, não vejo onde ela tenha errado ao comunicar aos seus clientes que a juíza pensava em decretar a prisão deles. É um crime que não tem relação com as ameaças anteriores. A expectativa dos policiais era de que se matassem a juíza, outro juiz não decretaria a prisão deles”, disse Rebelo.

Para Rebelo, se Patricia ainda tivesse escolta possivelmente não impediria o crime. “A escolta previne, mas não evita. Se ela tivesse escolta ou não, esses elementos decidiram que iriam matá-la”, afirmou o presidente do TJ-RJ.

Fonte: g1.com