treinadores

Futebol se constrói com resultado. No Campeonato Piauiense, os dirigentes têm usado esse discurso com muita frequência. E os treinadores têm sofrido na pele com o altíssimo nível de exigência. Em nove rodadas, somando turno e returno, sete técnicos foram demitidos ou substituídos. É quase uma demissão por rodada em apenas dois meses de competição. O estadual que conta com apenas seis clubes na briga pela taça tem rotatividade impressionante: 12 treinadores diferentes assumiram as equipes. Parnahyba e 4 de Julho estão com o terceiro técnico na temporada. No time azulino, por exemplo, até o presidente foi parar na área técnica. 

Último clube a trocar de técnico, o Parnahyba fez 11 jogos no Campeonato Piauiense. Paolo Rossi e Pedro Manta comandaram o clube azulino. Rossi, cinco deles; Manta, seis – incluindo uma semifinal e a derrota na final do primeiro turno. Atualmente, o elenco é treinado por Valdomiro Ferreira, que joga suas fichas em apenas uma partida. A explicação da diretoria pela mudança é sacudir o ânimo dos jogadores. Contudo, existe aí uma contradição. Os números mostram que equipe oscila: seis empates, duas vitórias e três derrotas. Nunca venceu em casa, no Verdinho.

No Parnahyba, até presidente já virou técnico. Time está no terceiro treinador no estadual (Foto: Didu Masulo)
No Parnahyba, até presidente já virou técnico. Time está no terceiro treinador no estadual (Foto: Didu Masulo)

No Piauí, a mudança de treinador gerou uma situação delicadíssima no Rubro-Anil. Paulo Moroni comandou o time em nove jogos no estadual (campanha de quatro derrotas, uma vitória e quatro empates). A duas partidas para encerrar a fase classificatória, Marcão pegou a equipe depois da demissão de Moroni. Perdeu na estreia e vai para a última rodada com a pressão de vencer para fugir do rebaixamento. Algo deu errado no planejamento do Enxuga Rato, e segundo o presidente a troca aconteceu para estancar um desempenho ruim do grupo. 

– Tudo o que fizemos foi para melhorar, não se imagina o erro. Quando você muda o treinador é uma questão para ver se o rendimento melhora. Nosso time só vinha empatando. Queríamos um treinador com espirito vencedor, como Moroni, para conquistar o título. Não é toda vez que as coisas saem como esperamos. Às vezes sai errado  – comentou Jacob Júnior, presidente do Piauí.

O 4 de Julho começou com Maurício Reis. O auxiliar treinou a equipe na primeira rodada e fez terreno até a chegada de Cláudio Leite, que comandou o Colorado em apenas três jogos. Paolo Rossi vai para o seu sexto jogo no time de Piripiri. Suportou as duas derrotas e o risco de rebaixamento. É preciso paciência, e  no Flamengo-PI um exemplo disso. Jorge Pinheiro, que entrou no lugar de Valter Maranhão, conviveu com crise, eliminação no primeiro turno e desconfiança do trabalho alvo de críticas. Até pediu para sair, mas foi convencido pela diretoria rubro-negra a permanecer. Hoje é líder. 

Flávio Araújo é o único treinador mantido no cargo desde o começo do Campeonato Piauiense (Foto: Abdias Bideh)
Flávio Araújo é o único treinador mantido no cargo desde o começo do Campeonato Piauiense (Foto: Abdias Bideh)

– Precisávamos de sequência. Sempre fui transparente com relação aos problemas do clube e estamos no patamar de nivelamento com os outros times do campeonato. Quando você é persistente e tem paciência, as coisas tendem a melhorar. A diretoria nos atendeu, fez até mais do que o pedido. Temos os jogadores solicitados e campo para treinar. As mudanças vieram para fortalecer – explicou Pinheiro, hoje com o trabalho sólido e reconhecido no Flamengo-PI.

Tempo. Outra palavra-chave. Na dança das cadeiras, apenas o River-PI se mantém intacto: Flávio Araújo comanda o Tricolor desde o começo do ano, são 19 jogos à frente do Galo, incluindo Copa do Nordeste e Copa do Brasil. A sequência, tão defendida pelos treinadores, mostra sua importância aqui: Flávio manteve uma série invicta de 10 jogos no Campeonato Piauiense, sete deles sem tomar gols, em sete vitórias e três empates. No primeiro turno, foi campeão e garantiu vaga na Copa do Nordeste do próximo ano. A “taxa de desemprego” do Campeonato Piauiense evidencia: a pressa pelo resultado pode ser inimigo da perfeição. 

Fonte: Globo Esporte