A internet está repleta de informações, mas não representa nem um terço do conteúdo que se tem notícia na deep web. É uma parte invisível e que não pode ser acessada por meio dos mecanismos de busca comuns. Ela é usada para manter atividades anônimas e privadas na rede. Também é difícil o seu rastreamento pelas autoridades, praticamente, uma navegação on-line fora do mapa. Sobre o assunto conversamos Rogério Brum, especialista em Gestão Ágil e Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD).
O que é a deep web?
É uma “dimensão” da internet quase invisível e que não é facilmente detectada pelos meios tradicionais de busca. Ela é constituída de um conjunto de sites, fóruns e comunidades que costumam, no geral, debater temas de caráter anônimo e/ou ilegal. É uma parte da rede que não é popularmente conhecida, sendo uma navegação on-line fora do mapa. Não é possível acessá-la digitando em sites de busca, como o Google, nem digitando o endereço da página no navegador. Requer um software específico. Importante salientar, quem entra na deep web não necessariamente deseja cometer crimes. Essa pessoa não quer ser rastreada ou ter seu trabalho indexado na web tradicional.
Como ela surgiu?
Em 2006, foi lançada uma versão de um projeto para fins não- -governamentais, intitulado de The Onion Routing (TOR), um sistema de comunicação secreto que seria responsável por enviar dados e análises por meio da internet anonimamente. A palavra “onion” significa cebola na tradução para o português, fazendo alusão às várias camadas que existem nela, semelhantes às que um internauta deve atravessar para chegar ao conteúdo desejado em algum site da deep web.
Qual a diferença entre a internet comum que conhecemos, deep web e dark web?
A metáfora mais utilizada para ilustrar essas camadas é a do iceberg. Nela, a web tradicional, também chamada de surface web, é apenas a área aparente que fica acima do nível do mar. A internet comum é aquela que acessamos todos os dias, como sites de notícias, blogs, redes sociais, e-commerce, entre outras páginas. Pode ser monitorada e não apresenta grandes riscos. Abaixo dela está a deep web, com conteúdos restritos e que não aparecem em buscas ou pesquisas comuns. Já a dark web é uma pequena parte da deep web, que também não têm endereços indexados pelos mecanismos tradicionais de busca. Nela, práticas criminosas de todo o tipo são comuns, como tráfico de drogas e humano, por exemplo. É bem difícil o rastreio nessa rede, sendo anonimato total. Para acessar essa sombria parte da web se faz necessário o uso de ferramentas criptográficas fortes.
Que tipo de conteúdo há na deep web?
Acontecem crimes por lá? É um conteúdo na internet que é privado, como milhares de páginas, fóruns, bancos de dados, informações acadêmicas, artigos científicos, serviços de e-mail, compartilhamento de arquivos, que somente não são acessíveis aos robôs dos buscadores tradicionais, mas sim, fato é que é comum ver crimes dos mais variados por lá.
Há algum tipo de fiscalização?
As pessoas podem ser punidas pela Justiça? Como ela não faz parte dos buscadores comuns, existe uma maior complexidade de acesso, o que impacta na fiscalização por parte de autoridades competentes. Mas a Constituição Brasileira e o Marco Civil, juntamente com a Polícia Federal, investigam casos onde a ação dos usuários ultrapassou todos os limites legais, podendo puni-los em caso de atividades ilícitas. O FBI, assim como outras instituições desse tipo, de várias nacionalidades, tem se unido a fim de vigiar a deep web e a dark web para tentar conter e solucionar crimes que são expostos nestes fóruns.
O internauta comum deve evitar entrar nessa rede?
Apesar de não haver leis que diretamente proíbem o acesso, a orientação é evitar a exposição a qualquer material neste nível da internet, pois ela é capaz de prejudicar os usuários. É um espaço sem qualquer tipo de proteção e todas as formas de vírus possíveis e imagináveis podem tentar atacar o internauta. Lembrando que lá também existem os hackers, crackers ou qualquer outro tipo de criminoso.
Fonte: Edição do Brasil