Foi em ‘Subúrbia’ que Erika Januza ficou conhecida pelo grande público e viu sua vida mudar. A ex-secretária escolar, que hoje faz sucesso como a policial Alice na novela ‘Em família‘, tem motivos de sobra para comemorar. Sua personagem – que na sinopse original era descrita como uma jovem fruto de um estupro que dedica a vida à busca do pai -, cresceu e apareceu. Tanto que o sucesso nas ruas aumentou.
“Os homens pedem para prendê-los, dizem que sou bonita, mas sem falta de respeito. Acho ótimo, porque se estão abordando é porque estão reconhecendo e gostando do meu trabalho. Muitas pessoas falam coisas legais”, diz em entrevista ao EGO. Solteiríssima, Erika conta que ainda não conheceu o cara ideal, mas lista as características necessárias para o futuro namorado. “Precisa ser bem-humorado e carinhoso, porque eu sou carinhosa demais. Não é que eu não queira, não estou namorando porque ainda não aconteceu”.
A atriz é discreta ao falar de relacionamentos anteriores, mas revela que já foi vítima de racismo por um namorado. “Já sofri preconceito em um relacionamento, da pessoa que está contigo sentir aquela vergonha velada de você, sabe? Meio que te esconder? Se a pessoa que está com você tem vergonha, eu já não sei mais de nada”, desabafa.
Ao mesmo tempo, Erika diz que se sente orgulhosa por representar outras mulheres negras. “Ouço muito isso e acho maravilhoso! Recebo muitas mensagem pela internet. Nas ruas, falam: ‘Vai lá, me representa’. É muito bonito pensar que estava correndo tanto atrás e que hoje em dia consegui. Muito bom saber que as pessoas me veem como inspiração”, diz ela, que profissionalmente também se inspira em artistas negros – como Taís Araújo, Alexandre Pires e Lázaro Ramos: “Tenho essa coisa do orgulho, então sempre que vejo um negro que conseguiu crescer, fico feliz. Acho muito legal essas pessoas que você fala o nome delas e remete a uma coisa boa. Projeto isso para mim também”.
Para a atriz, no entanto, preconceitos ainda existem em diferentes âmbitos da vida, algumas vezes velados e outras declarados. Erika conta, por exemplo, que sofreu um pouco por não ter formação profissional na área. “Foram poucas vezes, mas já ouvi coisas como: ‘Fulana nunca fez nada e já entra com papel de destaque’. Nunca me fez mal, mas não esqueci. Acredito que se consegui, algum motivo tem. Não passei por cima de ninguém, não comprei ninguém. Tentei e corri atrás por muito tempo. Uma hora chega a vez de cada pessoa e acho que foi isso que aconteceu comigo”, diz ela, que ingressou na carreira após participar de um concurso.
Até os 26 anos, Erika era moradora de Contagem, Minas Gerais. Trabalhava como secretária de uma escola particular e tentava a vida como modelo quando decidiu fazer um teste para uma campanha publicitária. “Mandei a foto por mandar. Estava fora da faixa etária do que pediam e já estava quase desistindo da carreira porque tinha que faltar o trabalho para fazer os testes. Aí me chamaram para uma entrevista e disseram que ligariam depois. Desencanei e até esqueci. Até que me ligaram um mês depois e me chamaram para ir ao Rio de Janeiro fazer um teste. Só lá me contaram que seria para ‘Subúrbia’ e que era a protagonista. Voltei para Minas e não conseguia dormir nem comer direito de ansiedade. Só contei para a minha mãe e para a minha chefe. Até que o diretor ligou e disse que eu tinha sido escolhida. Estava trabalhando na hora e ficava gritando e chorando dentro da escola, ninguém entendia nada”, relembra.
De lá pra cá a vida de Erika mudou. Ela deixou a mãe em Contagem e passou a morar sozinha no Rio de Janeiro. Trabalhou no seriado “Copa Hotel”, na TV por assinatura, e enfrentou os desafios da personagem na novela de Manoel Carlos, que ganhou um destaque maior do que ela esperava. “Já quis muito uma vida com essa rotina. Não imaginava, mas já sonhei. Era o que eu buscava antes quando estava sempre tentando alguma coisa. Mas a vida como é hoje eu não imaginava. Às vezes, quando estou gravando, fico pensando como o mundo dá voltas. Deus foi muito melhor comigo”.
Na trama, Alice é fruto de um estupro sofrido por sua mãe e por isso recorreu a uma profissão em que pudesse ajudar ourtras mulheres e apagar o passado. Na vida real, Erika é categórica sobre o assunto: “Não perdoaria um estuprador, é um erro sem qualquer justificativa”.
Na reta final da novela, que termina na próxima sexta-feira, 18, ela diz que está satisfeita com o que conquistou até aqui. “Nunca tinha me arriscado como atriz antes, acho que o mais difícil na profissão é passar uma emoção verdadeira. Atuar foi algo que descobri e não me vejo fazendo outra coisa”, garante.
Acostumando-se com a vida de celebridade, Erika diz que não tem do que se queixar. “É algo que faz parte do que sempre busquei e não tenho do que reclamar. O que tem que ter cuidado é com a privacidade. A forma que você se comporta, o que vai vestir…”
Vaidosa assumida, ela divide com as fãs na internet seus truques de beleza: “Gosto de me cuidar. O cabelo dá mais trabalho, mas já virou rotina. Acordo e vou cuidar da pele e do cabelo. Na minha bolsa não falta um gloss, gosto de estar sempre com lábios com aparência hidratada. E para o cabelo não pode faltar um reparador de pontas. As fãs me perguntam nas redes sociais, é muito legal esse contato”.
De férias a partir do próximo sábado, Erika vai voltar a Contagem, sua cidade natal e rever os familiares e amigos, mas não por muito tempo. “Espero não parar de trabalhar. Sei que não é fácil, todo dia se descobrem novas pessoas, novos talentos. Sei que estou no começo, que tenho muito o que estudar. E é isso que vou fazer quando a novela acabar. Não quero tirar férias, quero trabalhar”, afirma.
Fonte: EGO