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Um dos primeiros artistas a ter preocupação com a sustentabilidade e levar o artesanato para moda, Otávio Meneses fecho o ano em grande estilo, com a coleção “Yes!! Temos Unvas no Sertão”, inspirada na produção de uvas na aridez do sertão do Piauí, mostrada em desfile da Piauí Moda House, evento que uniu tanto a indústria, como os designers locais, com a participação de todos que fazem parte da cadeia produtiva.

Segundo o estilista, pesquisar e inserir o artesanato em suas coleções é uma forma de valorização da cultura local. “Enquanto muitos denominam de cultura regional, sempre afirmou que é muito mais internacional você usar elementos de sua cultura e dar uma identidade contemporânea, com desejo de consumo. Foi essa experiência que tive na Europa”, comenta, esclarecendo que iniciou essa parceria moda e artesanato com a coleção o “Vento”, o primeiro trabalho de moda local ,que teve alguma visibilidade nacional. “Foi exposto também na Europa, que não deixou de ser uma referência para nossa moda”, afirma.

Neste ano, Otávio brindou os piauienses no desfile da Piauí Moda House com peças exclusivas e despertou a atenção das pessoas por ter pegada comercial e uma sofisticação moderna, sem cair na banalidade. Além da semana de moda, Otávio participou de exposição. “A mostra não foi nada elaborado, foi para comercialização das peças e bate-papo com amigos”, explica.

Para o estilista, participar da Piauí Moda House foi importante. O seu desfile ganhou repercussão além do esperado. “Pessoas que não os conheço me param nas ruas, dão os parabéns. Elas ficaram emocionadas com o desfile”, diz, afirmando que houve um aquecimento no volume de produção na moda piauiense. No entanto, ele garante que o segmento tanto no Piauí quanto no Brasil precisa de evolução, como produto e designer. “Somos muito influenciados pela moda europeia e é sempre difícil quebrar essa barreira, existe casos isolados que trilharam nesse caminho com pioneirismo”, explica, declarando que seu trabalho sempre tem uma pegada da cultura local. “Foi algo que partiu da minha essência, num momento que ninguém fazia isso,e, sem nenhuma referência para pesquisas”, relata.

As peças produzidas por Otávio têm boa repercussão fora do país e, segundo o estilista, na Europa, dizem que seu trabalho é único. “Agora, sou sincero em afirmar que a comercialização para designers com trabalhos mais autoral ainda é difícil. No Brasil falta cultura de moda, mais integração com a arte, museus, exposições.

O estilista tem projetos para desenvolver no próximo ano, mas prefere trabalhar e deixar que as coisas aconteçam. “Tenho desejo de fazer um registro desses trabalhos, um livro que precisaria de apoio e expor fora do Brasil e para isso preciso de patrocínio”, declara, afirmando que sente falta de uma tecelagem no Piauí.

Fonte: Meio Norte