FRACO, FRESCO, FRITO E FROUXO

 

Vitor de Athayde Couto

Capote é mais um apelido da galinha-da-Angola, como pintado, conquém, tou fraco, aguiné, galinha-da-Índia…

Num dia quente de verão, quando os incêndios espontâneos e também os incêndios criminosos são mais frequentes, um capote, um peixe e um pastel conversavam.

Estressado, como sempre, o capote exclamou:

– Tou fraco! – e saiu voando baixo pelo Ar, sem rumo certo, quando o peixe retrucou, borbulhando bem alto, para todos ouvirem:

– Tou fresco! – e saiu nadando pela Água, balançando o rabo.

O pastel, ao ver o homem que se aproximava, pensou rápido:

– Tou frito! – e saiu correndo apavorado pela Terra, perseguido pelo Fogo.

E assim os quatro elementos da Natureza e o Homem viveram infelizes para sempre, por causa do boom da soja.

Boom da soja? Peraí, eu entendi “bunda suja”.

Boom da soja, bunda suja, é tudo a mesma coisa. Reparando com cuidado, os Cerrados, desmatados e queimados, lembram velhas pinturas de Natureza Morta, à espera de ciclones, inundações e tudo a que o brasileiro tem direito.

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