Você não viveria sem ela, porque dela você vem.
Vem como semente, fruto, ser que vem ao mundo alimentando-se por ela, e se lança ao aconchego do peito como terra firme, fértil de vida e afeto.
Um dia é pouco para homenagens, rosas nascem todos os dias, com suas cores e matizes, seus perfumes: se não por elas, por quem nascem as flores, as rosas, os perfumes? Um ano é pouco. As estações com seus outonos e primaveras, folhas que caem, flores que nascem. E o que dizer do verão com sua luz própria e calor. Talvez uma vida seja pouco para homenageá-las, a vida se renova, perpetuando laços na hereditariedade, até que a ancestralidade seja fotografias num álbum de família, ou o ritmo de uma raça, já quem também somos África.
Já houve tempo em que o matriarcado em sua forma original criou suas Narunas. Hoje o matriarcado vem à partir da casa, das mães solteiras que criam seus filhos ao olhos do mundo, longe dos olhos do pai. A modernidade cria seus desvios e ela mais uma vez é a guerreira que estica o arco, sem mutilar o seio.
O alvo é a vida.
Amor, palavras mágica com plenos poderes para mudar as coisas. Mas não é fácil vivê-lo. O mundo parece querer negá-lo a todo instante: quando aplica a desigualdade entre elas e os homens; quando ricos e pobres não tem a mesma oportunidade; quando a força bruta vence a fragilidade, criando hematomas, medo e morte. A violência contra a mulher é um dos crimes mais abomináveis e mais corriqueiros. A banalidade da violência contra a mulher nasce na incapacidade do homem de tê-la como igual, e se prevalece da força, da impunidade e do medo.
Homenageá-las devia ser parte de todo dia, como regar flores, respirar. Mas enquanto seu lobo não vem, e que venha, elas vão vencendo a luta: são garis, advogadas, motoristas, professoras, mães, avós, jornalistas, astronautas, quituteiras, médicas. As mulheres estão em todas as profissões, da Presidente à feirante, passando pela poeta, que crava seus versos como se cortasse palavras para o mundo recriar. Poemas como filhos, que trazem ao mundo depois de carregarem em suas almas.
Aqui começa a nossa homenagem às mulheres.