Livro e documentário revelam a dura realidade da escravidão moderna ainda presente no Brasil
Na noite de quinta-feira (10), o auditório do Sesc Avenida, em Parnaíba, ficou completamente lotado para o lançamento do livro Restolho, do escritor e ativista Benedito Lima, e a exibição do documentário Nos Passos do Zé. O evento, marcado por momentos de emoção e reflexão, trouxe à tona a temática urgente da escravidão contemporânea no Brasil.
A obra literária e o documentário se complementam ao denunciar o trabalho análogo à escravidão. O filme narra a história real de Zé Pereira, trabalhador submetido a condições degradantes. Segundo o autor, a documentação da trajetória levou quase dois anos. Já o livro mergulha nas estruturas desse sistema cruel, abordando temas como aliciamento de trabalhadores, transporte irregular, escravidão por dívida, vigilância armada e exploração sexual.
“Este é o coroamento de uma luta de mais de 30 anos contra o trabalho escravo, conduzida por auditores fiscais, procuradores do trabalho e tantos outros”, afirmou Benedito Lima. “No documentário, mostramos o sentimento das vítimas, e no romance, todos os crimes que encontramos no dia a dia desse universo escravocrata”.
Entre os presentes, o professor universitário e advogado Roberto Cajubá destacou a importância da iniciativa: “É um assunto urgente, e o Bené é uma das maiores autoridades sobre o tema no Brasil. Ele já lançou três livros e participou de vários documentários. A obra ‘Restolho’ é fundamental para promover dignidade a todos os trabalhadores”.
A programação contou ainda com manifestações artísticas, como apresentações musicais ao vivo que retrataram a dor, a resistência e a história da escravidão no Brasil.
Durante sua fala, Benedito Lima reforçou que o livro mistura ficção e realidade: “Todas as passagens aconteceram, mesmo que de formas diferentes. O que está no livro e no documentário é baseado em fatos reais”.
O evento foi encerrado com um forte sentimento de reflexão e urgência. Entre discursos, música e relatos reais, o público deixou o auditório comovido com uma realidade que ainda insiste em permanecer invisível.