Estudos apontam para o aumento da miopia entre crianças, frequentemente associado ao uso excessivo de dispositivos eletrônicos e à falta de atividades ao ar livre, o que impacta diretamente a saúde ocular. Esta condição, caracterizada pela dificuldade em enxergar objetos distantes, é especialmente comum em crianças em idade escolar.

De acordo com o oftalmologista Dr. Assis Costa, existem diferentes tipos de luz, como a luz ultravioleta do sol e a luz azul, emitida por dispositivos como telemóveis e computadores. “Atualmente, vemos um excesso de exposição a telas em todas as faixas etárias. A luz azul, embora diferente da luz ultravioleta do sol, causa cansaço visual, olho seco e uma redução no número de vezes que piscamos ao usar dispositivos”, explica o especialista.

Em relação às crianças, especialmente a partir dos 3 anos, o uso de dispositivos eletrônicos deve ser controlado. “Idealmente, crianças nessa idade não deveriam ter acesso a telas. Se for inevitável, o tempo de exposição deve ser limitado a um máximo de 2 horas por dia, divididas em intervalos curtos de 30 minutos, com pausas de 15 minutos”, alerta o médico.

Um estudo realizado na China, envolvendo 100 mil crianças, mostrou que o excesso de tempo em frente às telas aumentou em mais de 200% a progressão da miopia. Embora a genética seja um fator, o uso excessivo de dispositivos tem sido cientificamente comprovado como um agravante significativo da miopia.

Os pais devem estar atentos a sinais como dificuldade em ver a lousa, aproximação excessiva de telas, sentar-se muito perto da televisão ou apertar os olhos para focar. Estes comportamentos podem indicar a presença de miopia. “Exames oftalmológicos devem começar no primeiro ano de vida, mesmo que a criança não apresente sintomas”, enfatiza o Dr. Costa.

A próxima avaliação deve ocorrer aos 3 anos de idade. “Muitos pais não sabem, mas é essencial realizar esses exames precocemente, pois crianças pequenas não conseguem identificar ou expressar problemas visuais”, acrescenta.

A miopia não tratada pode prejudicar significativamente a visão, o aprendizado e o bem-estar da criança. Além disso, outras condições, como o astigmatismo, podem estar associadas, agravando ainda mais a baixa visão. O acompanhamento oftalmológico regular deve ocorrer antes dos 6 anos de idade, período crucial para o desenvolvimento da visão. “Se problemas como miopia severa ou astigmatismo elevado não forem diagnosticados a tempo, podem levar à ambliopia, uma condição irreversível que resulta em perda parcial ou total da visão no olho afetado”, alerta o especialista.