Pela primeira vez, transexuais e travestis poderão votar utilizando o nome social no título de eleitor. A medida, de acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), visa reconhecer a identidade de gênero e garantir a identificação desejada do eleitor. Um levantamento feito pela reportagem de O Dia junto ao TSE mostra que o Piauí, apesar de toda a campanha feita pela Justiça Eleitoral, é o Estado do Nordeste com o menor número de eleitores com nome social no título.
Dos mais de 2 milhões de eleitores que o Piauí possui, apenas 64 votarão utilizando o nome social no título. A porcentagem desse valor não chega a 0,02% do eleitorado do Estado. Vale destacar que o Nordeste é a segunda região do país em quantidade de eleitores cadastrados na biometria com o nome social: são mais de 1.600 pessoas votando segundo sua identidade de gênero, de um total de 39,2 milhões de eleitores.
Em todo o Brasil, mais de 6.200 eleitores votarão com o nome social. Observando-se o cenário nacional, o Piauí é o sexto do país com a menor quantidade de eleitores que possuem nome social no título. O Estado fica na frente somente o Acre, onde somente 14 pessoas votarão com nome social; do Amapá, com 26 pessoas; Roraima, com 15 pessoas; Rondônia, também com 15 pessoas; e Tocantins, onde 46 pessoas votarão com nome social.
A opção pela autoidentificação foi reconhecida pelo TSE em sessão administrativa no mês de março. A resolução da Justiça Eleitoral prevê ainda que o eleitor transgênero não precisará em nenhum momento informar seu nome de registro na hora do voto. A inclusão do nome social e a atualização da identidade de gênero podia ser feita no cartório ou posto de atendimento que atendesse à zona eleitoral do interessado. Bastava que o eleitor apresentasse um documento de identificação com foto no ato da solicitação.
Assim que a determinação do TSE foi tornada pública, um grupo de mulheres transexuais se dirigiu ao Fórum Regional Eleitoral do Piauí, no Centro de Teresina, para tirar o novo documento. “A nossa luta é para ter documentos oficiais, porque a gente é constrangida na hora de se identificar sem eles. Com nossos documentos, as pessoas têm que nos respeitar”, disse Veronika Souza, uma das que emitiu um novo título de eleitor para votar este ano.
Fonte: Portal O Dia