O PERDÃO

 

Vitor de Athayde Couto

 

DOIS MITOS

Nós, brasileiros, cremos em mitos, a exemplo das águas de março e da cidade luz. Até hoje acreditamos que as águas de março são águas das chuvas, e não das marés; e que Paris é uma cidade luz por causa da iluminação pública, e não do iluminismo de mentes brilhantes que pensam as artes, a ciência e a educação.

 

CHURRASCOLÂNDIA

– Miga, você não vai acreditar.

– O quê? – perguntou a miga, já ansiosa.

– Fui convidada pra comer mais um churrasco. E logo mais, à noitinha, vai ter mais outro churrasco.

– E daí? Qual a novidade? Não se faz outra coisa nos fins de semana desta terra brasilis.

– É que um renomado cientista acaba de descobrir que a única diferença entre nós e as hordas de caçadores pré-históricos é que usamos sal nas carnes. Grosso, por sinal.

– Como se chama esse cientista?

– Dr. Coprólito.

 

CORNO LITERÁRIO

Conheço cornos de todo tipo. Mas, corno literário, sinceramente, nunca ouvi falar. Acabo de saber que, enquanto viveu, seu Cornélio teve muita sorte. Sua esposa gostava de ler livros e viveu, toda a vida de casada, completamente apaixonada por Hans Castorp e Heathcliff. Esses personagens ocuparam tanto o seu coração que não deixaram nenhum espaço para os vizinhos.

 

O PERDÃO

Deus é como a Morte. Ela também está em todo lugar e tudo pode, com uma pequena diferença: a Morte nunca perdoa.

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