Patologista cooperada Unimed Teresina explica como funciona o novo exame que detecta a presença de HPV antes que a infecção vire o câncer
Apesar de ser uma doença que pode ser prevenida e tratada, o câncer do colo do útero ainda mata milhares de mulheres em todo mundo. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), em 2020 mais de meio milhão de mulheres tiveram a doença e cercade 342 mil morreram em consequência desse câncer.
Por isso, para ajudar a rastrear a doença de forma rápida e precisa, a OMS lançou em 2021 novas orientações. Além disso, apresentou uma estratégia de combate ao câncer, que pode prevenir 62 milhões de mortes causadas pela doença, nos próximos 100 anos.
Esse tipo de câncer é um tumor maligno que aparece na região do colo, que é a mais inferior do útero. Ele surge depois de uma infecção pelo vírus HPV, essa transmissão é feita por via sexual. Todo esse processo, entre a infecção pelo vírus e surgimento do câncer, pode levar de 10 a 30 anos, o que possibilita muitas oportunidades de prevenção. A doença é silenciosa, o aparecimento dos sintomas só acontece em um estágio mais avançado.
A médica patologista, Lianna Mendes (CRM-2868), cooperada Unimed Teresina, explica que a nova orientação da OMS vai ajudar a detectar a presença de HPV antes que a infecção vire o câncer. “A antiga indicação se baseava no momento em que aparecem as lesões precursoras do câncer, feito com o exame Papanicolau. Hoje a orientação é buscar o vírus no início da infecção pelo HPV, antes de aparecerem as lesões”, revela.
A nova recomendação da OMS é a realização do exame baseado em DNA, o teste de HPV-DNA. “Agora o médico não precisa esperar encontrar alterações morfológicas. Se nessa análise de DNA, existe um HPV de alto risco, as chances de desenvolver câncer são maiores. Por isso, o acompanhamento e prevenção será feito antecipadamente a fim de evitar perdas pela doença”, explica a patologista.
A profissional esclarece que no Brasil a adoção da nova orientação é seguida pela medicina privada. “Infelizmente a medicina pública ainda usa a citologia (Papanicolau) como base. Já na medicina privada nós já usamos essa nova orientação para detectar a presença do HPV de forma antecipada”, ressalta.
O novo rastreamento da doença deve ser realizado a cada cinco anos, a partir dos 30 anos de idade. Já no caso do Papanicolau, a orientação é realizar anualmente.
Além da detecção do vírus antecipadamente, outra orientação da OMS para combate é o investimento na vacina contra o HPV. “A prevenção do câncer do colo do útero pode ser primária (vacinação), secundária (rastreamento) e terciária (tratamento precoce). A primária é a ideal, porque além de ser mais barata, é a mais assertiva e que traz mais qualidade de vida. O Brasil foi um dos primeiros do mundo a adotar a vacinação do HPV no seu esquema vacinal. Por isso, meninas de nove a 14 anos podem procurar o SUS e tomar gratuitamente as duas doses da vacina”, recomenda a médica.