Allan Kardec [1] teve a oportunidade de indagar dos espíritos, por que a influência dos maus é superior à dos bons obtendo como resposta a informação de que os maus são intrigantes e audaciosos enquanto que os bons são tímidos. Porém, os benfeitores asseguram que quando os bons quiserem terão preponderância.
O que será que se dá com os bons que chegam a viver em apatia? Segundo o evangelista Mateus, no versículo 46 de seu capítulo 5, Jesus teria indagado: “não fazem os publicanos também o mesmo?” Tal pergunta é para nos tirar da posição cômoda de achar que o que fazemos já está bom, é correto, ou ainda, que nosso erro pode ser cometido porque ele é de menor proporção. Sobre isso Emmanuel [2] perguntou ainda “correspondes aos impositivos do trabalho diuturno, criando coragem, alegria e estímulo, em derredor de ti?” E Joanna [3] arremata: “quem se dispõe a uma tarefa de enobrecimento, equipa-se de coragem para arrostar as consequências da decisão e da ação”.
Eusébio, abnegado benfeitor espiritual presente na obra “No mundo maior”, de André Luiz [4] através de Chico Xavier, no capítulo 2 do citado livro, faz importante preleção onde, em certo momento de sua fala, pontua: “Sejamos instrumentos do bem, acima de expectantes da graça. A tarefa demanda coragem e suprema devoção a Deus. Sem que nos convertamos em luz, no círculo em que estivermos, em vão acometeremos a sombra, aos nossos próprios pés”. Ou seja, a nossa ação é que deve influenciar; se a do outro é que nos influencia, então damos claro testemunho de que em nós há apenas vago entendimento do bem.
Uma vez convictos da “verdade”, do “caminho” e da “fé”, impossível prosseguirmos inoperantes. Em diálogos na família, com vizinhos, no comércio e por onde passarmos é possível bendizermos, abençoarmos, estimularmos, por fim à conversa estéril apresentando aquilo que de belo e bom já depreendemos da vida, da natureza, de Jesus e dos ensinamentos que a Espiritualidade nos proporciona através de diversos meios.
“A hora é agora”, adverte velho jargão, que muito embora sendo tão antigo, segue presente, mas, inaudível para muitos daqueles que já possuem a candeia, mas seguem colocando-a debaixo do alqueire.
Batei, buscai, pedi devem ser ações diárias; ao contrário do que muitos pensam, elas não nos mantêm na ociosidade, mas sim, na coragem de tentar. Se somos sal e luz, não podemos nos furtar ao que nos cabe.
Aremos, esse o nosso papel!
Samuel Aguiar
[1] KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 171. ed. Araras: IDE, 2015.
[2] XAVIER, Francisco C. Fonte Viva. Pelo Espírito Emmanuel. Rio de Janeiro: FEB, 1952. Cap. 96.
[3] FRANCO, Divaldo Pereira. Desperte e seja feliz. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. Salvador: Leal, 2013. Cap. 02.
[4] XAVIER, Francisco C. No mundo maior. Pelo Espírito André Luiz. 26. ed. Rio de Janeiro/////////////, RJ: FEB, 2010. Cap. 02.