O líder do PT na Câmara, deputado Vicentinho (PT-SP) subiu o tom nesta quarta-feira (16) e disse que o próximo passo que o deputado André Vargas (PT-PR) deve dar é renunciar ao mandato legislativo. Vargas formalizou nesta quarta sua saída do cargo de vice-presidente da Casa.
“Nossa expectativa é de que ele renuncie ao cargo. Isso é o que esperamos. Até para não ter que ficar sangrando permanentemente. Mesmo respeitando as suas dificuldades e as suas dores, eu sinto que vai chegando a hora da renúncia ao mandato. Isso vai eliminar uma série de desgastes”, afirmou.
Em conversas com petistas, o presidente nacional do partido, Rui Falcão, afirmou: “Por mim, ele já tinha saído”.
A pressão para que Vargas deixe o Legislativo visa desmobilizar o processo a que ele responde no Conselho de Ética da Casa. O partido teme que, se as investigações prosseguirem com Vargas ainda no mandato, novos casos podem vir à tona em pleno ano eleitoral. Para o partido, a renúncia faria com que o colegiado perdesse força e não pudesse avançar.
No entanto, há uma divergência em relação ao fim do processo caso haja a renúncia. O presidente do conselho, deputado Ricardo Izar (PSD-SP), afirma que o caso prosseguirá no colegiado mesmo que Vargas desista do mandato. “O objetivo é prosseguir com as investigações, coisa que ele não quer”, disse.
Esta interpretação criou um impasse para Vargas, como ele afirmou na terça-feira (15). Na segunda-feira (14), ele chegou a confirmar à reportagem que renunciaria ao mandato, mas desistiu, como informou a coluna “Painel”. Para ele, neste caso a renúncia seria inócua. Ele está licenciado por 60 dias do cargo, mas pode retornar ao trabalho após o feriado de Páscoa.
Desde que o envolvimento de Vargas com o doleiro preso Alberto Youssef, preso na Operação Lava Jato da Polícia Federal, foi revelado pela Folha de S.Paulo, o PT iniciou um movimento de pressão para que ele deixe o mandato.
Vargas formalizou a saída da vice-presidência apenas hoje, oito dias após ter anunciado publicamente que deixaria o cargo. Para Vicentinho, a demora constrangeu o partido. “Isso era para ter ocorrido no dia em que eu li a carta. Demorou, mas aconteceu. Acho que foi um gesto previsto”, afirmou.
Pressão interna
Deputados do PT querem ouvir Vargas para que ele explique as acusações. A Polícia Federal investiga esquema de lavagem de dinheiro que envolveria doleiros, políticos, empreiteiras e fornecedoras da Petrobras. Vargas admite ser amigo de Youssef há 20 anos mas nega que sua relação com o doleiro envolva qualquer irregularidade.
“Acho que o natural é que ele esclareça tudo para a bancada. Eu quero defender um companheiro, mas precisamos saber quais são os argumentos dele. Ele precisa se explicar”, disse o deputado Fernando Ferro (PT-PE).
Ainda não há data para uma reunião da bancada com ele, mas deputados defendem que isso seja feito na semana que vem.
Fonte: Folha