Parnaíba 306 anos
uma cidade baiana/pernambucana
Mal raiava o Século das Luzes, chegavam ao extremo Norte da Capitania do Piauí, o baiano Pedro Barbosa Leal e o seu geral administrador, o pernambucano João Gomes do Rego Barros. Leal era sertanista da baiana Casa da Torre, e João Gomes, filho do capitão-mor João do Rego Barros. Chegando ao litoral do Piauí, instalaram fazendas e as primeiras oficinas de couro e charque, bem como salinas.
Em 1711, Leal solicita à Cúria de São Luís – Maranhão, licença para construir uma capela para santa de sua devoção – Nossa Senhora de Monserrathe. Assim, a cidade litorânea do Piauí ficou por quase cinquenta anos como Vila de Nossa Senhora de Monserrathe da Parnahiba. Leal trouxe de Salvador, o facalhão de retalhar carnes nos açougues baianos. A faca parnaíba passou, no século seguinte, a ser preferida pelos cangaceiros por conta de sua lâmina de 45 centímetros.
No extremo Norte do Piauí, os aventureiros lidavam com a forte pressão dos temíveis índios tremembés. Em 1712, os colonos enfrentam a Confederação dos Tapuias do Norte liderada pelo índio Mandu Ladino. Este foi levado, ainda jovem, do Piauí, e depois de cristianizado num aldeamento próximo do Recife, fugiu e passou a incomodar os portugueses usurpadores de suas terras no Delta do Rio Paraguassu, hoje Rio Parnaíba. Ladino reuniu várias tribos contra os instaladores de fazendas de gado. Temendo pela segurança da imagem de Nossa Senhora de Monserrathe, João Gomes levou a imagem portuguesa para o arraial da Piracuruca, de onde nunca mais retornou. No ano de 1716, Ladino foi morto pelo sargento-mor da Vila da Parnahiba, Manuel Peres Ribeiro, sendo fuzilado tentando escapar pelo rio.
Assim, o arraial de Nossa Senhora de Monserrathe da Parnahiba é a proto-vila que, em 1762, deu lugar a Vila de São João da Parnahiba e que, em 1844, foi elevada à categoria de Cidade da Parnaíba, uma construção iniciada por um baiano e um pernambucano. Parnaíba, neste junho de 2017, completa os seus 306 Anos.