Cajueiro da Praia, litoral do Piauí. Neste pedaço de mar o peixe-boi, um dos mamíferos marinhos na lista entre os mais ameaçados de extinção em todo o planeta, encontra abrigo, paz, segurança e alimento abundante para cumprir o mandamento maior da Vida: crescer e se multiplicar em liberdade.
A garantia de vida do peixe-boi marinho deve ser creditada aos seus guardiões, os anjos da guarda do peixe-boi marinho. Como todo anjo eles também ficam lá de cima, em uma plataforma de observação a sete metros da maré-baixa, de olho em seus protegidos. Três vezes por semana, essa é uma aventura de riscos que só a experiência e a vivência superam. Os ventos sopram tão fortes que o litoral do Piauí parece ter uma hélice de ventilador gigante rodando sem parar. Sem asas, esses anjos guardiões do peixe-boi marinho abrem a vela do barco. Motores são proibidos de roncar e circular por aqui.
O centro de Mamíferos Marinhos de Cajueiro da Praia fez dessa parte do litoral do Piauí um exemplo de relação equilibrada entre homem e natureza. Em instalações projetadas pelo Arquiteto Tothe Ibiapina, segundo uma arquitetura regional e sustentável, usando materiais em sua forma mais natural, os pesquisadores, monitores e estagiários do projeto peixe-boi marinho elaboram seus relatórios e compartilham os resultados de suas experiências com o Brasil e o mundo.
A área protegida para ao peixe-boi marinho em Cajueiro da Praia é um palco aberto para um balé da vida. A coreografia é natureza de pura liberdade. Sem predadores naturais, o peixe-boi marinho encontra a paz necessária no litoral do Piauí. Esse espetáculo deve ser mantido em cartaz.
A dieta de um peixe-boi marinho é 100% vegetal. Em média são 16 kg diários de plantas, basicamente o capim agulha. Seu nome científico é Trichechus manatus. Também chamado de manatis, um peixe-boi marinho vive até por 50 anos. Na Amazônia também existe um peixe-boi, de outra espécie, que se distingue pelo menor porte (menos de 2 metros e oitenta de comprimento) e por não possuir unhas. Ambos estão sob a mesma ameaça de extinção.
A cada 5 minutos o peixe boi precisa renovar o ar de seus pulmões. Esse tempo sobe para 25 minutos de ele se mantiver em repouso. Os sons que emitem são códigos de comunicação, principalmente durante a temporada do acasalamento. Por essa característica pesquisadores acreditam que o mito das sereias seja uma associação com o “canto” do peixe-boi marinho. Eles também usam a percepção de diferentes sabores e odores para se comunicar.
Respeito, conhecimento, patrocínios e a participação da comunidade de Cajueiro da Praia fazem parte da fórmula de sucesso que tornou a presença do peixe-boi marinho um bom exemplo de diálogo com a natureza selvagem no litoral do Piauí. Bons exemplos a gente melhora, apóia e passa pra frente. A Vida não tem marcha a ré.
Fonte: Meio Norte