O estado do Piauí ocupa o segundo lugar nos registros de aumento de casos de estupros coletivos do país, a variação foi de 1.050% nos últimos cinco anos, maior inclusive que a média nacional, que corresponde a 125%. O Estado fica atrás somente de Rondônia que obteve um aumento de 1150%, é o que revela os dados disponibilizados pelo Ministério da Saúde, em análises feitas a partir de 2011 até 2016, correspondente aos últimos cinco anos.
Em 2017, uma adolescente de 15 anos, grávida foi estuprada por três adolescente em Uruçuí, região Sul do Piauí. Um ano antes, em 2016, outra adolescente de 14 anos foi estuprada por quatro pessoas, sendo três eram menores de idade, no município de Pajeú, também ao Sul do Piauí. No mesmo ano,uma jovem de 26 anos foi vítima de estupro no município de Oeiras.
No entanto um dos casos que mais chocou a população, e teve uma grande repercussão nacional, aconteceu na cidade de Castelo do Piauí, região norte do Estado. Quatro jovens foram estupradas e agredidas fisicamente, jogadas do alto do Morro Garrote. O crime foi cometido por cinco pessoas, sendo quatro menores e um adulto, acusado de ser o ‘mandante’ do crime. A violência resultou na morte de uma das vítimas. O caso que até hoje repercute, completou dois anos dia 27 de maio deste ano.
Estudos feitos pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) mostram que apenas 10% do total de estupros são notificados. Considerando que há 50 mil casos registrados por ano (na polícia e nos hospitais), o país teria 450 mil ocorrências ainda “escondidas”.
“Infelizmente, é só a ponta do iceberg. A violência sexual contra a mulher é um crime invisível, há muito tabu por trás dessa falta de dados. Muitas mulheres estupradas não prestam queixa. Às vezes, nem falam em casa porque existe a cultura de culpá-las mesmo sendo as vítimas”, diz Daniel Cerqueira, pesquisador do Ipea.
Desde 2011, dados sobre violência sexual se tornaram de notificação obrigatória pelos serviços públicos e privados de saúde e são agrupados em um sistema de informações do ministério, o Sinan (Sistema de Informação de Agravos de Notificação).
Esse tipo de crime representa hoje 15% dos casos de estupro atendidos pelos hospitais –total de 22.804 em 2016. Os números da saúde, contudo, representam só uma parcela dos casos. Primeiro porque a violência sexual é historicamente subnotificada e nem todas as vítimas procuram hospitais ou a polícia e, em segundo lugar, porque 30% dos municípios ainda não fornecem dados ao Sinan. Os dados da saúde sobre estupro coletivo mostram que o problema existe há muito tempo, mas só agora está vindo à tona a partir de casos que ganharam destaque na imprensa nacional.
Fonte: Portal O Dia