O Piauí foi o terceiro Estado do país que mais desmatou suas florestas de Mata Atlântica entre 2011 e 2012. O Estado perdeu 2.658 hectares nesse período, ficando atrás apenas de Minas Gerais e da Bahia.
O resultado foi apresentado hoje no mais novo Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica, um balanço anual realizado pela Fundação SOS Mata Atlântica e pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Realizado desde 1990, o mapeamento sobre o que resta da mata que originalmente cobriu toda a costa atlântica do Brasil incluiu pela primeira vez o Estado nordestino, o último dos 17 Estados analisados.
“Os remanescentes florestais do Piauí totalizam 34% da área de Mata Atlântica original no Estado”, diz o levantamento. “O Piauí possui áreas do bioma em bom estado de conservação, mas a pressão das carvoarias e agora também da soja é grande no Estado.”
Com a inclusão do Piauí no mapeamento, a área original que resta do bioma no Brasil é de apenas 8,5%. Até o levantamento anterior, sem o Estado, o dado era de 7,9%.
A preocupação dos ambientalistas faz sentido: nos últimos anos, a fronteira agrícola brasileira tem sido puxada para a porção norte do país, mais especificamente para o Maranhão, Piauí e Tocantins (conhecida por Mapito).
O questionamento do governo estadual sobre a existência do bioma tem sido um dificultador para a sua preservação, diz Márcia Hirota, coordenadora do Atlas pelo SOS Mata Atlântica. “Há uma dificuldade do governo de entender a região como Mata Atlântica porque existe uma lei específica que protege esse bioma [dificultando o desmatamento]. Por isso, eles preferem dizer que é Caatinga”.
Minas Gerais foi pela quarta vez campeão do desmatamento da Mata Atlântica, sendo responsável pela destruição de metade da floresta nativa. Entre 2011 e 2012 isso representou 10,752 mil hectares de árvores derrubadas. O aumento da taxa de desmate no Estado foi de 70% se comparado com o período anterior.
Diante disso, o Ministério Público Estadual de Minas Gerais deu início a uma investigação que já culminou com duas ações civis contra empreendimentos que desmataram ilegalmente – em geral, com conivência do Estado, que emitiu licenças com base em informações falsas ou dispensou as propriedades dessas licenças.
Segundo o promotor de Justiça Felipe Faria de Oliveira, a floresta foi desmatada para carvoarias que abastecem siderúrgicas no Estado.
A Mata Atlântica originalmente abrangia 1,309 quilômetros quadrados e seus limites contemplavam do Piauí ao Rio Grande do Sul, somando 17 Estados. O bioma tem sido alvo mais fácil da destruição já que abriga 61% da população brasileira, segundo o censo populacional de 2010, do IBGE.
Fonte: Uol