O Piauí registrou até o domingo 4.602 queimadas, de acordo com os dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). Apenas no mês de outubro ocorreram 267 queimadas. Incêndio na mata às margens da Avenida Ferroviária, conhecida como Avenida dos Ipês, no bairro São João, zona Leste de Teresina, estava avançando sem a presença do Corpo de Bombeiros. A mata seca incendeia rapidamente, mas o fogo também atinge as árvores verdes, chegando a uma altura de até dois metros.
O motociclista Luiz Fernando afirmou que telefonou para o Corpo de Bombeiros há cerca de meia hora, mas, os militares ainda não chegaram ao local. Os moradores da região temem que alguma faísca atinja as casas do outro lado da Avenida dos Ipês. Com as queimadas, cresceram em 89% em setembro e outubro em Teresina em relação aos meses de julho e outubro, segundo dados do Hospital de Urgência de Teresina (HUT) e Fundação Municipal de Saúde (FMS), partir dos dados recebidos pelos Hospitais Municipais e Centros de Saúde da capital, as internações por problemas respiratórios e circulatórios.
Asma, bronquite, enfisema, pneumonia, arritmia, hipertensão e até infarto. Essas são algumas doenças que podem se desenvolver em pessoas que se expõem constantemente à fumaça das queimadas. Pesquisadores têm investigado em várias partes do país a influência desses incêndios na saúde das pessoas, em especial de crianças e idosos, que são os mais afetados.
Uma equipe da Escola Nacional de Saúde Púbica da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), coordenada pela bióloga Sandra Hacon, vem percorrendo diversas regiões da Amazônia para avaliar o impacto das queimadas na saúde. Os pesquisadores, em parceria com o Instituto de Física da USP (Universidade de São Paulo), vão passar por todos os Estados.
Os pesquisadores têm percebido maior prevalência de asma e bronquite, principalmente entre as crianças. Os pesquisadores dizem que tudo leva a crer que houve relaxamento em relação à fiscalização das queimadas, que foi reduzida.
Além disso, o momento político parece ter flexibilizado as ações em nivel local e existem pessoas que aproveitam as condições climáticas para usar o fogo e aumentar as áreas do agronegócio. Com isso, a queimada começou a ter um impacto maior. Não se pode dar um peso grande à mudança climática porque, se tivesse uma boa fiscalização e sensibilidade do poder político local, dos governantes e da sociedade, as queimadas não teriam sido tão intensas.
Segundo os pesquisadores, as partículas das queimadas ficam mais tempo na atmosfera (por falta de chuva), aumentando as chances de contaminar as pessoas. Quando a biomassa é queimada, sejam florestas ou cana-de-açúcar, inúmeras partículas são emitidas para a atmosfera. Essas partículas possuem diversos tamanhos: algumas são grandes, visíveis a olho nu, e outras são muito finas, menores até que a espessura de um fio de cabelo. Enquanto algumas conseguem atingir as regiões mais profundas do aparelho respiratório, outras, de tão pequenas, chegam à corrente sanguínea.
O resultado de toda essa poluição são alterações no sistema respiratório e cardiológico das pessoas. Os mais afetados são aqueles que têm um sistema imunológico mais carente: crianças, idosos e pessoas com histórico de problemas cardiorrespiratórios.
Fonte: Jornal Meio Norte