Segundo dados do Boletim Epidemiológico da Secretaria de Estado da Saúde (Sesapi), foram registrados, em 2014, 1.148 casos de hanseníase no Piauí, dos quais 82 em menores de 15 anos. Os dados foram divulgados ontem (25) e possibilitam analisar e descrever a situação da doença no Estado a partir do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan).
Dados parciais, referentes ao ano de 2015, mostram que o Piauí registrou 901 novos casos de hanseníase, sendo que 58 deles foram constatados em menores de 15 anos. “Em 2014, registramos 1.148 casos, desses 82 são em menores de 15 anos. E, a partir disso, a gente sempre frisa que, se tem uma criança doente, é porque tem um adulto que não está em tratamento. Porque, quando o paciente inicia o tratamento, a cadeia de transmissão já é cortada. O diagnóstico da hanseníase é feito na atenção primária, ou seja, na Estratégia de Saúde da Família. Portanto, a população tem de estar alerta com o aparecimento de qualquer mancha, seja ela esbranquiçada, avermelhada, sem sensibilidade ao tato ou a dor, e procurar um posto de saúde mais próximo”, explica a coordenadora estadual de Hanseníase, Eliracema Alves.
Segundo ela, a doença está em atividade e merece atenção para melhorar os indicativos do boletim. “É o primeiro boletim que está sendo lançado com essa magnitude; portanto, é um momento ímpar. Esse boletim faz um apanhado geral da doença e tem o apoio de duas ONGs, do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal do Piauí (Ufpi) e do Ceará (UFC). Esses dados servem para ajudar os profissionais que trabalham com saúde e os estudos nas universidades. A partir dos dados, podemos perceber as falhas do serviço atual. É aí que os profissionais devem colaborar para melhorar os nossos indicadores”, esclarece a coordenadora.
Uma das questões que surgem atreladas aos aspectos epidemiológicos, dentro desse boletim, é a necessidade de qualificação do processo de vigilância epidemiológica, englobando não apenas a captação de casos e a coleta de dados, mas também a consolidação no Sinan. “A hanseníase é uma doença de notificação compulsória negligenciada e que ainda temos muitos casos na forma multibacilar, na qual pode contaminar outras pessoas pelo contato. A intenção de todos os órgãos unidos é tratar da doença antes que o paciente chegue a esse estágio. Por isso, a importância de análises sistemáticas de dados produzidos na realidade dos serviços de saúde”, aponta Eliracema Alves.
Tratamento
Eliracema destaca que o tratamento para hanseníase é acessível e fácil, e que, por isso, os pacientes devem deixar o preconceito de lado. “Queremos colocar em evidência, por meio da informação, que, se o cidadão descobriu os sintomas da hanseníase, o melhor é procurar o tratamento. Esse que é gratuito, fácil, comprimido e pode ser feito em qualquer Unidade Básica de Saúde. Uma atitude importante ainda é deixar o preconceito de lado e entender que hanseníase tem cura e só causa incapacidade se não há o tratamento”, reitera.
O boletim epidemiológico surgiu de uma iniciativa do Projeto Integrahans Piauí, do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal do Piauí, cujas ações são financiadas pelas ONGs internacionais, Netherland Hanseniases Release (NHR Brasil) e Cruz de Malta, com apoio de diversos parceiros em âmbito estadual (Secretaria de Estado da Saúde), Municipal (secretarias municipais de Saúde de Floriano e de Picos) e outros (Universidade Federal do Ceará, Faesf e Rotary Club).
Fonte: Jornal O Dia