Prévia do Monitor de Direitos Humanos, ferramenta que vai reunir ofensas em redes sociais sobre negros, mulheres, indígenas e comunidade LGBT. (Foto: Divulgação/Labic (Ufes))
Prévia do Monitor de Direitos Humanos, ferramenta que vai reunir ofensas em redes sociais sobre negros, mulheres, indígenas e comunidade LGBT. (Foto: Divulgação/Labic (Ufes))

Hoje submersos no mar de posts das redes sociais, os comentários ofensivos contra negros, mulheres, indígenas e à comunidade LGBT estão prestes a entrar no radar do governo federal.

A pedido da antiga Secretaria de Direitos Humanos (SDH), da Presidência da República, o Laboratório de Imagem e Cibercultura (Labic), da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) criou um serviço que funcionará como uma peneira. Irá vasculhar de forma automatizada Twitter, Facebook e Instagram em busca de manifestações de ativistas, apoio a vítimas de discriminação e, principalmente, agressões aos direitos humanos.

O chamado Monitor dos Direitos Humanos exibirá as mensagens compiladas na íntegra, mas não trará a identidade dos autores. Os links originais serão incluídos. A ferramenta ainda está inacabada e em fase de testes.

Segundo a SDH, a ferramenta foi criada “para que os órgãos do governo que trabalham com a temática [dos direitos humanos] tenham conhecimento do que circula publicamente”. A pasta foi fundida com outras duas pastas em outubro, na reforma ministerial promovida pela presidente Dilma Rousseff, para dar origem ao Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos.

De acordo com Fábio Malini, um dos coordenadores do Labic, nem todas as publicações reunidas serão indicativos de crimes de ódio. “Na modelagem de dados, a gente separa, dentre os milhões de citações ao racismo, o que é ameaça, o que é ‘empoderamento’ negro, intolerância religiosa e o que é expressão de violência contra o negro.” As mensagens poderão ser crivada por tempo (15 minutos, 24 horas, 7 ou 30 dias).

Algoritmos serão responsáveis pela coleta, filtragem e exibição das mensagens. Por trás do Monitor, há 15 desses programas. Cada um possui uma função específica. O Marta, por exemplo, nomeado em homenagem à jogadora de futebol, coleta o histórico de um perfil no Twitter.

#SomosTodosTaisAraújo
No fim de outubro, a atriz Taís Araújo foi alvo de comentários racistas no Facebook. A campanha de apoio a ela criou a hashtag #SomosTodosTaísAraújo, que foi um dos temas mais discutidos no Twitter.

Para evitar que casos de grande repercussão dominem os resultados, o Monitor não peso somente aos assuntos que viram “trending topics”. Por isso, as mensagens são filtradas por meio de palavras-chave e não apenas pela popularidade nas redes.

Por ser uma ferramenta de acompanhamento, destinada a militantes, jornalistas, gestores públicos e jornalistas, terá poder apenas para jogar luz sobre o que é dito nas redes sociais, mas não para responsabilizar possíveis criminosos. Ele indicará os canais atuais de denúncia, como Disque 100 e Humaniza Redes.

O Monitor é uma ferramenta de que a SDH ainda não dispõe. Essa lacuna acabará no fim de novembro, para quando está prevista a apresentação oficial. Malini diz que os planos são de entregá-lo a tempo do Dia da Consciência Negra, em 20 de novembro.

Fonte: G1