Atualizada às 17h55

Por volta de 17h40 a juíza Maria do Socorro Ivanir leu a sentença condenatória contra o ex-coronel Viriato Correia Lima fixando-a em 23 anos, 7 meses e 15 dias em regime fechado, pelo crime de homicídio triplamente qualificado. Assim, a juíza determinou ainda pela impossibilidade de recorrer da pena em liberdade, e que deverá ser cumprida preferencialmente na penitenciária Mista Juiz Fontes Ibiapina, em Parnaíba.

O conselho de sentença decidiu ainda que houve prática do crime de falso testemunho pelo policial Francisco das Chagas Araújo, que será levado para a Central de Flagrantes onde será autuado para posterior investigação.

O advogado Wendel Oliveira já se manifestou que nas próximas horas que irá protocolar nas próximas horas o pedido de apelação da pena. “Acredito que a decisão contraria as probas dos autos, além do que meu cliente ficou mais de 7 anos em prisão preventiva por esse feito. A pena foi exacerbada, oito anos acima da pena base”, disse em entrevista logo após o fim do julgamento. Em requerimento, ele solicitou à juíza que junto com a via de execução provisória seja feito um cálculo para a redefinição da pena.

No momento da leitura da sentença, o ex-coronel ficou em silêncio, mas fez um gesto com as mãos para o irmão indicando que já pressuponha uma possível condenação. O advogado Wendel Oliveira cogita até mesmo a possibilidade de recorrer ao Supremo Tribunal Federal para anulação da pronuncia, tendo parecer favorável.

Apesar da tentativa de anular o júri por meio de liminar, a ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), acabou negando o recurso utilizado pela defesa. Assim, o julgamento do ex-coronel José Viriato Correia Lima iniciou logo nas primeiras horas da manhã desta segunda-feira (30) no Teatro do Sesi,em Parnaíba. Ele é acusado do assassinato do policial civil Leandro Safanelli, em 1987.

Um esquema de segurança foi montado para resguardar a equipe que trabalha no caso, como também o júri, testemunhas e o próprio acusado. Ao todo, são dois juízes que auxiliarão o juiz presidente do Júri, três defensores públicos, um promotor e sete jurados. Até as ruas adjacentes foram interditadas.

Há um clima de tensão no local, principalmente com presença de muitas pessoas e de representatividades da imprensa piauiense. Mesmo assim, o Ex Coronel ao chegar por volta das 7h da manhã mostrou-se tranqüilo, lendo inclusive páginas da Bíblia Sagrada.

Antes de ser submetido ao Tribunal Popular do Júri, Correia Lima reuniu-se com os advogados Wendel Oliveira e Leôncio Coelho, mas acabou decidindo por Wendel, quem já estava fazendo sua defesa. Dando inicio ao Júri, Lima foi levado para outra sala, pois a pessoa que faria as declarações se sentiu constrangida com sua presença.

Veja o que as primeiras testemunhas falaram

Logo Eurinele que namorou o policial Safanelli durante quase 4 meses fez o depoimento. Ela afirmou que durante este período recebeu inúmeras informações sobre a pretensão do Coronel vir a Parnaíba para matar Safanelli, já que o policial havia dito sobre o relacionamento que teve anteriormente com a filha do Ex-Coronel.

Eurinele disse ainda sobre o momento em que ficaram sabendo da gravidez de Sâmia, sabendo inclusive que o ex-coronel havia chutado na barriga da filha para que abortasse o bebê. No dia do seu plantão, exatamente no dia 08 de agosto de 1989, dia da sua morte, o policial estava de plantão e disse que estava recebendo diversas ameaças. Segundo Eurinele, os dois saíram juntos no mesmo dia pela Beira Rio, e uma das pessoas que estavam em um carro azul (Belina) ligadas a Correia Lima se aproximou, batendo nas costa de Safanelli e dizendo “A gente ainda vai se encontrar”. Em sua fala, Eurinele detalhou o percurso feito pelo policial civil até o local de sua morte.

Para a segunda testemunha foi apresentado o policial militar Aroldo Pereira, que ajudou a socorrer Safanelli no dia do crime. Aroldo disse não ter visto a lesão na cabeça. Além de não saber das ameaças feitas dias atrás ao secretário de Segurança Robert Rios. Neste momento, o promotor João Malato o interrompeu dizendo: “Acho que você é o único de Parnaíba a não saber disso”.

Fonte: 180 graus