A greve dos docentes do Instituto Federal do Piauí (Ifpi) completa 131 dias hoje (6). Sem muitos avanços nas negociações, a categoria estuda encerrar a greve nos próximos dias. Em assembleia marcada para amanhã (7), os docentes vão decidir se aceitam ou não a proposta de reajuste apresentada pelo Governo Federal.
Os professores cobram um reajuste salarial de 27%, mas a proposta do governo foi de apenas 10,5%, dividido em duas etapas: 5,5% em 2016 e 5% em janeiro de 2017. Além do reajuste, os professores também reivindicam a reestruturação da carreira e o fim dos cortes orçamentários para a educação.
“A proposta não atende às reivindicações da categoria. Vamos debatê-la e mostrar aos professores o que ela resulta. Hoje, temos uma perspectiva de saída unificada, proposta pelo Andes”, explica a coordenadora do Sindicato dos Docentes do Ifpi, Patrícia Andrade.
Por conta da greve, o calendário acadêmico da instituição está comprometido e os alunos estão sem aulas em parte das disciplinas. Caso o fim da greve seja confirmado amanhã, os professores e a administração superior do Ifpi devem se reunir para reformular o calendário.
“Dependendo do que os professores acordarem na assembleia, a greve pode ser encerrada. Vamos fazer parte da reestruturação desse calendário letivo”, comenta Patrícia Andrade.
Ao avaliar a greve no Instituto Federal do Piauí, que já é a mais longa da historia da instituição, a coordenadora do Sindicato dos Docentes do Ifpi avalia que, além de apresentar as reivindicações da categoria, o movimento também é importante para mostrar para a sociedade os problemas enfrentados na educação superior pública.
“A greve é necessária para mostrar as reais condições de trabalho e ensino nas instituições federais. Iniciamos o ano dentro de uma questão muito séria, que foi o corte no orçamento da educação, que gera cada vez mais precarização”, pontua.
Docentes da instituição de ensino são contra parceria com o Sistema S
Na última semana, foi amplamente divulgada na imprensa a possibilidade do Sistema S gerenciar os cursos oferecidos nos Institutos Federais de Ensino. O grupo reúne entidades empresarias, como a Confederação Nacional da Indústria, Confederação Nacional do Comércio e Senai.
A proposta de parceria já teria sido encaminhada ao novo ministro da Educação, Aloisio Mercadante, e deve ser analisada pela presidente da República, Dilma Rousseff.
Os docentes do Instituto Federal do Piauí se posicionam contra a possibilidade de parceria com entidades do setor privado. “Isso foi como uma bomba pra gente. Uma proposta dessas é extremamente perversa. É o Estado abrindo mão de um projeto de educação e passando para o próprio capital. Caso se confirme, a formação passa a ser feita a partir da perspectiva de um segmento da sociedade, que é o capital”, avalia a coordenadora do Sindicato dos Docentes do IFPI, Patrícia Andrade.
Fonte: Jornal O Dia