Protesto antes do jogo entre Brasil e México ontem (17), em Fortaleza, acabou com a detenção de 30 pessoas, das quais 11 são menores de idade e foram transferidos para a Delegacia da Criança e do Adolescente, segundo a Polícia Militar (PM). A maior parte, contudo, teve que esperar mais de quatro horas para que a ocorrência fosse formalmente registrada, pois o sistema da delegacia falhou. Apenas a identificação manual foi feita na 16ª Delegacia de Polícia, perto do Estádio Castelão.
A Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) do Ceará confirmou o problema no sistema, mas disse que ele está sendo resolvido, e os detidos estão sendo transferidos para o 5º Distrito Policial. A defensora pública Gina Kerly aguarda os detidos no 5º Distrito desde antes do início da partida, às 16h, e relata que a defesa deles por meio da defensoria “ainda está na estaca zero, por causa da dificuldade dos distritos”.
A advogada Isabel Sousa, da Rede Nacional de Advogados Populares, que integra a comissão da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e acompanha os procedimentos nas manifestações, também relatou que o delegado teve que se ausentar para atender a uma ocorrência no estádio. “Até agora não teve o desenrolar do caso”, disse.
Ela disse que quatro detidos relataram agressões físicas, como empurrões e puxões de cabelo. Até agora, contudo, por conta do problema no sistema, nenhum procedimento policial foi iniciado, como exame de corpo de delito e tomada de depoimento.
O fotógrafo Paulo Winz, 29 anos, é um dos detidos. Pelo telefone, ele afirmou à Agência Brasil que participou do protesto por “ter afinidade com os temas” discutidos, como a crítica à repressão às manifestações. Ele disse que estava saindo do protesto, caminhando, quando foi detido pela Companhia de Controle de Distúrbios Civis da PM. Já na abordagem, relata que recebeu tapas e foi levado algemado com uma presilha plástica para a delegacia. Lá, um agente perguntou a ele se poderia tirar uma fotografia, o que ele negou fazendo um gesto com a cabeça. Como resposta, recebeu novo tapa e um chute. Paulo é um dos que espera para prestar depoimento oficial na delegacia. A Secretaria de Segurança nega, contudo, a ocorrência de agressões contra manifestantes.
Além dos ativistas, dois vendedores ambulantes foram detidos por comercializarem ingressos, e dois torcedores mexicanos tiveram que assinar um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) por desacato à autoridade. Eles estão sendo ouvidos no Juizado do Torcedor, segundo a secretaria.
Fonte: Agência Brasil com edição do Portal Costa Norte