O delegado regional de Combate ao Crime Organizado da Polícia Federal (PF) no Piauí, Carlos Alberto Ferreira, e o delegado titular da Polícia Federal em Parnaíba, Edilberto Mendes Vilanova, informaram em entrevista coletiva, que três pessoas foram presas na manhã de ontem. Os presos foram o advogado Luís Uirajá Gaspar, sua esposa, a enfermeira Maria de Nazaré da Mota Silva, e sua cunhada Francimélia da Mota Silva. Eles foram detidos em suas residências, no bairro Satélite, na zona leste de Teresina, acusados de formar uma quadrilha que “ressuscitava” pessoas mortas conseguindo novas certidões de nascimento, carteira de identidade e CPF falsos e casavam com pessoas vivas, mulheres ou homens, dependendo da situação para fraudar e receber benefício e pensão por morte pagas pelo Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) e o seguro DPVAT (Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Via Terrestre).
Segundo os delegados, a quadrilha chegava a receber do INSS pensão de R$ 3.600,00 e do DPVAT recebiam, para cada pessoa, R$ 13,5 mil. A quadrilha atuava nas cidades de Chaval (CE) e nas cidades piauienses de Parnaíba, Buriti dos Lopes, Nossa Senhora dos Remédios e agora estava atuando em Teresina.
O delegado federal Carlos Alberto Ferreira afirmou que foram arrecadados nas residências de Luís Uirajá Gaspar e de sua cunhada elementos e provas de vestígios que indicam a materialidade da falsificação de documentos e delitos contra a Previdência Social e o DPVAT e outros delitos correlatos com o objetivo de infringir prejuízos à Previdência Social.
O delegado Edilberto Mendes Vilanova declarou que a quadrilha foi descoberta quando estourou uma fraude contra o DPVAT em 2010. De lá para cá, segundo ele, a quadrilha foi monitorada porque eles aproveitavam os mesmos documentos usados nas fraudes contro o DPVAT para fraudar e dar prejuízo ao INSS.
“Eles tinham carteira de identidade, CPF, certidão de óbitos. Com esses documentos eles faziam que renascessem e cassassem. Normalmente eles pegavam pessoas já mortas, renasciam, faziam elas sofrerem um acidente de trânsito para sacar o DPVAT e ao sacarem pegavam o mesmo documento, casavam essa mesma pessoa morta pela segunda vez, se fosse homem casava com mulher e se fosse mulher casava com homem. Com isso eles conseguiam fazer a fraude contra o INSS. Era um golpe simples, fácil e faziam isso com os mesmos documentos. Essas pessoas morriam, renasciam, às vezes existia realmente um documento verdadeiro da morta com a pessoa que eles casavam novamente, mas essa pessoa já tinha perdido o direito de solicitar a pensão do INSS e a condição de beneficiário. Então, eles criavam os vínculos com empresas falsas. Nós apreendemos o livro de atas da criação dessas empresas na casa deles”, declarou o delegado Edilberto Mendes Vilanova.
A Polícia Federal, na hora da prisão, chegou a flagrar uma pessoa que tinha recebido o benefício do INSS na casa de Luís Uirajá Gaspar que era o suposto esposo de uma mulher que já tinha morrido em acidente que tinha renascido e casado novamente.
A Polícia Federal achou na casa do acusado documentos de mais de 100 beneficiários de fraudes contra o INSS.
“Nós logramos êxito de encontrar uma pessoa que está lá, por acaso, na casa com todos os benefícios do suposto esposo. Foi espetacular o resultado e, com isso, conseguimos provas importantes”, afirmou o delegado Edilberto Mendes Vilanova.
Ele lembra que a primeira descoberta de fraude contra o DPVAT em Parnaíba foi no período de 2010 e 2011. A partir dessa descoberta também foram conhecidas as fraudes contra a Previdência Social.
O delegado Edilberto informou que a Polícia Federal iniciou o trabalho no final de 2011 para o início de 2012, mas o cabeça do esquema de fraude, que seria o preso pela Polícia Federal ontem, Luís Uirajá Gaspar, evadiu-se na época.
Segundo o delegado, a Polícia Federal não sabia onde Luís estava, mas os agentes da PF fizeram um bom trabalho, conseguiram localizá-lo em uma residência no bairro Satélite.
Fonte: Jornal Meio Norte