Religiões no Brasil 10: O OUTRO MUNDO
Vitor de Athayde Couto
Nas suas entrevistas e leituras, Ifé deparou-se com muitas frases feitas, do tipo chavão, sendo a mais recorrente “o inferno é aqui”.
E o paraíso, onde fica? Isso, ninguém pergunta. De tanto se preocupar com o inferno, muita gente esquece que o paraíso também é aqui, onde há muito mais frutas do que maçãs. Desde frutas problemáticas, como o abacaxi, até frutas perfeitas, como a banana. E assim são as pessoas.
O céu é apenas uma abstração onde anjinhos se divertem no pula-pula de nuvens e comem algodão doce pintado com as cores do arco-íris.
Inferno e paraíso andam sempre juntos, formando uma unidade de contrários. É como o frio e o calor, um não existe sem o outro. Sem conhecer o ódio é impossível conhecer o amor. Todas essas duplas terminam se encontrando no território do bem e do mal, onde habitam as religiões; onde habitam deuses; onde habitam entidades, gente morta…
Algumas religiões promovem a luta do bem contra o mal. Para outras, essa luta não se aplica, pois o bem e o mal andam sempre juntos. Se um não existe sem o outro, é porque um precisa do outro. Como a coragem precisa do medo.
O outro mundo é este mundo e o paraíso também é aqui. Infernos e paraísos são vales de lágrimas e sorrisos. Vales preservados, desmatados, férteis, queimados, agrointoxicados.
Se o mundo original é uma criação divina, o mundo modificado é produto das atitudes humanas.
Neste ponto de suas reflexões, Ifé recordou a pergunta do poeta:
– “Senhor, se foi pra desfazer, por que é que fez?”
E concluiu a sua tese assim:
– Deus é um gamer. Criou o totó, botou bonecos vivos pra jogar e… Besta é tu! (ouça aqui com os Novos Baianos).
(FIM)
________________________________________________
Ouça o áudio com a narração do autor:
***
Caro leitor, tu também poderás ouvir este e outros textos, assistindo aos vídeos no canal YouTube do autor. Basta clicares aqui.
Religiões no Brasil 10: O outro mundo - Por Vitor de Athayde Couto
