Existem cinco hepatites virais, provocadas pelos hepatovírus: A, B, C, D e E. Elas são transmitidas por vias diferentes, mas têm em comum o fato de serem doenças silenciosas e de atacarem o fígado até causar sua falência ou outras complicações. Para conscientizar à população sobre a necessidade dos cuidados com as hepatites a Secretaria de Estado da Saúde (Sesapi) lançou a campanha “Julho Amarelo”.
Como muitas vezes demora a ser diagnosticada, a principal preocupação sobre a hepatite, atualmente, diz respeito à realização da testagem para a descoberta da doença. “Nós temos uma disponibilidade de testes para a hepatite B e C nos Centro de Testagem e Aconselhamento espalhados nos territórios do Piauí e a população pode ter acesso aos exames. Para as demais hepatites, é necessária a requisição médica para exames mais aprofundados”, explica a coordenadora de Epidemiologia da Sesapi, Amélia Costa.
Devido à pandemia do novo coronavírus, que provocou o isolamento social, a procura por testes de hepatites virais teve uma redução superior a 40% nas unidades de saúde de todo o país e, consequentemente, uma diminuição de quase 50% no número de tratamentos. O desconhecimento sobre a condição sorológica agrava ainda mais a cadeia de transmissão da infecção.
“É de suma importância a ampliação da testagem sorológica para as hepatites virais como estratégia fundamental para equacionar essa situação, além de propiciar a detecção precoce de portadores. Hoje, possuímos medicamentos altamente eficazes, seja na cura ou controle dos vírus, e o desafio é encontrar esses portadores para que sejam tratados. A falta de testagem, mesmo durante a pandemia, pode elevar o número de casos de cirrose e de câncer de fígado nos próximos anos, e ao aumento da mortalidade devido a essa doença”, lembra a epidemiologista.
A mais conhecida é a hepatite A, cujo vírus é transmitido por água ou alimentos contaminados com as fezes de um portador humano, e está relacionada às más condições de higiene e/ou saneamento básico. As mais graves são as hepatites B e C , cujos vírus podem ser transmitidos por relações sexuais desprotegidas ou por procedimentos que envolvem sangue sem os devidos cuidados de esterilização.
O vírus B e C podem ocasionar uma infecção crônica, na maioria das vezes assintomática por anos. “Para a hepatite A e B há vacinas, para C não há imunizantes. Porém, todas hepatites têm tratamento quando diagnosticadas precocemente”, lembra Amélia Costa.
A hepatite C tem cura, com tratamentos cuja eficácia aproxima-se dos 100%. No caso da hepatite B, quando crônica, o tratamento curativo é exceção. Entretanto, com os medicamentos à disposição, é possível inibir a replicação do vírus, reduzindo as chances de cirrose e câncer de fígado.
“A recomendação é que todo indivíduo acima de 40 anos faça o teste ao menos uma vez na vida e que, ao menor suspeita ou incômodos no fígado, procure o médico e peça exames para investigação”, enfatiza a coordenadora.