Em uma reunião a portas fechadas, a direção do Sinte-PI (Sindicato dos Trabalhadores da Educação Básica) suspendeu a greve dos professores da rede estadual de ensino, deflagrada em fevereiro deste ano. Foi uma decisão de cúpula. Somente representantes das regionais do sindicato participaram do encontro, realizado na tarde desta terça-feira (15).
Os diretores afirmam que a paralisação do movimento atende aos anseios da sociedade. “Havia a necessidade de darmos uma resposta às pessoas”, justifica o professor João Correia, secretário de Assuntos Educacionais do Sinte.
De acordo com o sindicalista, a decisão do Conselho Estadual do Sinte é legítima. Correia afirma que as 27 regionais debateram a proposta de suspensão do movimento anteriormente, em assembleias locais. “E 90% delas aprovaram a retomada das aulas”, garante.
O Sinte cedeu à pressão imposta pelo Governo do Estado. Em nota publicada em seu site oficial, a entidade justifica que a suspensão da greve é uma maneira de reabrir o canal de negociações com o Governo do Estado. O diálogo foi interrompido na semana passada, quando o governador Wilson Martins e o secretário de Educação, Átila Lira, anunciaram medidas punitivas (corte do ponto e até demissão) contra os professores.
O movimento fica suspenso até o mês de outubro deste ano, prazo estipulado pelo Executivo estadual para concluir a implementação do reajuste salarial de 22% reivindicado pela categoria.
Confusão
A suspensão da greve dos professores começou a ser debatida na manhã desta terça-feira (15), em assembleia geral realizada na Praça da Liberdade, centro de Teresina, onde a categoria montou um acampamento.
Entretanto, a discussão foi interrompida assim que a direção do sindicato lançou a proposta. Insatisfeita, parte da base protestou com veemência. Houve gritaria e empurra-empurra. A presidente do Sinte, Odeni Silva, foi atingida por ovos e deixou o local escoltada por policiais militares. Nenhuma decisão foi encaminhada.
Entretanto, durante a assembleia, um grupo de professores organizou uma ata paralela, manifestando a vontade de manter a greve. O documento foi assinado por cerca de 500 professores.
“Temíamos que a direção do sindicato cedesse às pressões do governo, o que de fato aconteceu. Por isso fomos preparados para contrapor o que estava sendo encaminhado. A palavra falada se perde, mas o que está escrito fica”, diz o professor Alisson Ferreira, justificando a confecção da ata independente.
Fonte: Portal O Dia