Técnicos da Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semar) concluíram o relatório que aponta a falta de chuva como responsável pela a atual situação de seca que atinge a Lagoa do Portinho. Uma lagoa costeira localizada entre os municípios de Parnaíba e Luis Correia que apresenta uma área de aproximadamente 5,62 km², estendendo-se para nove quilômetros de comprimento no sentido Norte-Sul, com largura variável entre 0,2 e 1,6 quilômetro. Estende-se pela zona rural dos municípios de Parnaíba e Luís Correia abrangendo os povoados Carpina, Gameleira, Portinho, Cearazinho e Santo Antônio.

De acordo com o relatório, a causa maior da seca na Lagoa, assim como as demais de Sobradinho, Jaboti, Cumurupim e Mutuca é a falta de chuva na região, que enfrenta estiagem há mais de quatro anos.

Em 2009 choveu cinco vezes mais do que a lagoa precisava para encher. Dados divulgados na época, através de trabalhos científicos pela Universidade Federal, apontava que, de 2005 a 2009, o ano de 2009 foi o de maior pluviosidade, com o total de chuvas de no litoral com 1.638,6 mm.

Porém, com a falta de chuvas, desde 2010 a lagoa não registra seu nível normal e, de acordo com a gerência de Meteorologia da Semar, nem mesmo um período chuvoso intenso em 2015, poderá devolver o seu nível normal.

A lagoa é abastecida pelos rios Portinho e Marruás, assim como também, pelos riachos do Brandão, Braz, São Miguel e Mundo Novo. Com exceção do rio Portinho, todos os demais são intermitentes e nos período de estiagem apresentam o leito completamente seco.

“O parecer técnico aponta que o rio Portinho contribui regularmente com a lagoa lançando suas águas nos períodos chuvosos e nas marés grandes que ocorrem normalmente nos meses de março, agosto e setembro. Isso por meio de um canal que passa pelo campo dunar e chega até o rio Igarassu, onde deságua no oceano. Mas, infelizmente, esse canal encontra-se soterrado pelas massas de areia”, ressalta Ziza Carvalho que assumirá a Semar no próximo mês, mas que já está acompanhando de perto tudo o que se refere a Lagoa do Portinho.

Ziza Carvalho diz que não foi comprovado represamento de riacho ou desvio de água, “até porque todos estão enfrentando a estiagem e não existe água”. A Semar realizou fiscalização nas propriedades que ficam no entorno da lagoa e nada foi constatado.

O gestor enfatiza que uma outra prioridade de sua pasta para 2015 será reativar o programa de recuperação ambiental no ambiente costeiro da região, onde inclui o sistema de contenção das dunas, mas que será necessário o apoio dos prefeitos da região. “Iremos trabalhar na criação de uma Unidade de Conservação, de modo a restringir o uso indevido do solo e de atividades econômicas na região. Além disso, estaremos realizando o levantamento fitossociológico e florístico das manchas de vegetação existentes no entorno da lagoa, além de outras atividades e ações importantes como, por exemplo, capacitação de gestores com ação de educação ambiental. Entendemos que devemos recuperar e preservar as lagoas, mas é preciso o apoio de todos, incluindo a sociedade que deve despertar para a conscientização ambiental”, acrescenta.

Audiência
Nesta quarta-feira (21), a Semar estará participando de uma audiência pública na Câmara Municipal de Parnaíba, que irá abordar como principal tema o sobre o assoreamento na Lagoa do Portinho.

Estiagem
A Lagoa do Portinho é um importante cartão postal do litoral piauiense e é utilizada para o lazer, pesca tradicional e a agricultura. As atividades agrícolas são desenvolvidas em menor porte por dois empreendimentos situados na zona rural, sendo um no povoado Gameleira (Fazenda Bom Sucesso) e outro no povoado Carpina (Camarões Carpina). No entanto, em função da estiagem, as atividades nesses empreendimentos estão paralisadas, bem como nas comunidades circunvizinhas.

Fonte: CCom