Na contramão do quem vem acontecendo nas demais universidades públicas do país, devido a um corte significativo de 44% do orçamento do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), a Universidade Estadual do Piauí (Uespi), conquistou avanços significativos no âmbito do ensino e da pesquisa.
Para Vasco Pereira, aluno da primeira turma criada pela Universidade Aberta do Piauí (Uapi), novo programa de ensino do estado, a Uespi proporcionou a ele uma grande oportunidade de realização pessoal, intelectual e profissional. “A dinâmica do curso de Administração na modalidade EaD é um desafio fantástico. A cada dia aprendo algo novo e sou estimulado a desenvolver competências e habilidades que vão me proporcionar atingir as exigências do mercado e quem sabe, abrir meu próprio negócio”, afirma o aluno do polo localizado em Avelino Lopes (790 km de Teresina).
Somente este ano a Uespi, por meio da Uapi, ofertou 3 mil vagas para o curso de Bacharelado em Administração em 60 municípios do interior do estado, oportunizando ensino gratuito e de qualidade a pessoas que não possuem condições de se deslocar para um dos 12 campi pertencentes a instituição. Para garantir um maior acesso dos piauienses à educação superior, a proposta é que em 2018 a Uapi seja expandida para mais 60 polos. O programa é uma integração colaborativa entre a Universidade Estadual do Piauí, Secretaria de Estado da Educação, Coordenadoria de Mediação Tecnológica e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Piauí.
Em 2017, também foram ofertadas 28 vagas em cursos de pós-graduação stricto sensu a nível de mestrado, além da qualificação de servidores técnicos-administrativos com a oferta de 120 vagas de especialização lato sensu.
Mestrados profissionais aproximam o ensino e a prática
A relação entre ensino e pesquisa, quando bem articulada, conduz a mudanças significativas nos processos de aperfeiçoamento do conhecimento e aprendizagem, colaborando de maneira efetiva para a formação profissional de estudantes e professores. Além de fortalecer os atos de aprender, de ensinar e de formar profissionais e cidadãos. Hoje, a Uespi possui seis mestrados, sendo dois acadêmicos, Química e Letras, e quatro deles ofertados em associação nacional: Mestrado Profissional em Letras (ProfLetras); Mestrado Profissional em Matemática (ProfMat); Mestrado Profissional em Biologia (ProfBio) e o Mestrado Profissional em Biotecnologia em Saúde Humana e Animal (MPBiotec), sendo os dois últimos os mais recentes, com oferta de 18 e 10 vagas, respectivamente.
Os Mestrados Profissionais surgiram com o propósito de qualificar professores que trabalham com alunos do ensino médio, aprofundando o ensino na sua área de atuação e possibilitando ao professor desenvolver projetos que possam ser aplicados na escola em que atuam. É uma maneira de aproximar o que é estudado na academia, com o que é aplicado na prática.
Em funcionamento há quase um ano, o Mestrado Profissional em Biologia (ProfBio) possui 18 alunos que trabalham na grande linha de Ensino de Biologia, desenvolvendo pesquisas voltadas principalmente para o ensino como, por exemplo, a construção de jogos, programas e aplicativos para celular, elaboração e construção de trilhas ecológicas, trabalhos com microrganismos, fungos e bactérias. Durante o desenvolvimento das pesquisas para o mestrado, o aluno do ProfBio, que também é professor na rede de educação básica, tem a oportunidade de aplicar tudo aquilo que aprende na sala de aula.
Para a aluna do programa, Michelle Lima, esse é o diferencial. “O programa vem com uma proposta de trabalhar com os professores de ensino básico novas metodologias de ensino para dinamizar ainda mais a nossa prática profissional. E com isso só temos a ganhar. As aulas se tornam mais atrativas, os professores mais motivados e integrados com seus alunos”, revela Michelle, que também leciona no Instituto Federal do Piauí (IFPI).
Pensando em uma prática inovadora e buscando conteúdos mais delicados e de difícil assimilação por parte dos alunos como base de uma proposta de pesquisa, Michelle decidiu abordar o processo de divisão celular, mais precisamente, a mitose, desenvolvendo modelos lúdicos e didáticos que tornam o ensino mais prazeroso para seus alunos.
“A proposta é fazer com que os alunos do primeiro ano vivenciem a divisão celular, não apenas a visualize nos livros. Dessa forma, o uso de modelos didáticos e lúdicos, assim como a prática de laboratório de maneira simples, e relativamente rápida, serve para que o aluno aprenda realmente o conteúdo de mitose, não apenas “decorando” os nomes dos processos e suas fases”, explica Michele e acrescenta: “assim, o aluno aprende a aplicar esse conteúdo quando solicitado e, também, se tornar uma experiência nova e significativa para ele”.
Qualificação como prioridade fortalece o ensino
A universidade também volta seus olhares para a qualificação do corpo acadêmico. O incentivo à capacitação de docentes e servidores da Uespi é de suma importância, visto que para uma boa aprendizagem é imprescindível que a instituição possua bons profissionais e, inclusive, professores titulados. Hoje, o quadro docente compreende 78 professores afastados para o doutorado e 18 para o mestrado. E a expectativa é que esses números cresçam ainda mais.
Além do incentivo para a qualificação do corpo docente, a Uespi incentiva os seus servidores técnicos administrativos a buscarem por qualificação profissional. Este ano a instituição ofertou 120 vagas gratuitas para o curso de Especialização em Gestão da Educação Superior.
A Especialização foi ofertada especialmente para os servidores técnicos administrativos. O curso, além de qualificar o servidor público, beneficiará a universidade em seu âmbito de gestão, por permitir que os servidores assimilem o conteúdo ministrado com a prática cotidiana, permitindo assim que o trabalho que ele desempenha dentro da instituição seja mais efetivo.
Lucas Soares é técnico administrativo e desempenha suas atividades na Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (Prop). Segundo ele, a especialização, além de melhorar a sua titularidade, permite uma otimização da sua rotina no trabalho, já que é possível perceber o conteúdo ministrado no seu dia a dia na instituição.
Investimentos contribuem para melhor desempenho acadêmico
Um dos avanços mais significativos para a Uespi este ano foi a formalização do Hospital Getúlio Vargas (HGV) como hospital-escola. A conquista não só viabiliza a realização de estágios, como também permite que sejam desenvolvidas pesquisas e projetos de extensão, no âmbito hospitalar, gerando benefícios para alunos, professores e pacientes, que são assistidos pelo hospital. Além disso, a criação de coordenações acadêmicas específicas de cada curso, inseridas no HGV, possibilita um vínculo maior entre hospital e universidade, ao passo que ambas trabalham em conformidade.
Para o aluno de enfermagem do 8º período, Gabriel Victor de Sousa, a prática no HGV contribui para o desenvolvimento de pesquisas e atividades de extensão. “Estar dentro da realidade de um hospital de referência para o estado é poder estar pondo mais práticas positivas dentro da universidade e isso vem melhorando o nosso desempenho acadêmico”, ressalta.
A Uespi também realizou investimentos em infraestrutura como, por exemplo, a aquisição de 12 laboratórios odontológicos para o Campus Prof. Alexandre Alves de Oliveira, em Parnaíba. Além disso, conquistou junto à Polícia Militar o prédio onde funcionava a antiga Academia de Polícia de Parnaíba, que abriga a Faculdade de Ciências Agrárias. Completando o hall de investimentos, a instituição reafirma a sua política de proteção a animais, e em consonância com a nova legislação sobre o uso de animais em pesquisas, adquiriu em julho deste ano quatro modelos de um software desenvolvido pela empresa australiana AdInstruments. Os dispositivos possibilitam a realização de aulas práticas sem a necessidade de sacrificar animais.
Além do software, a Uespi ganhou a primeira biblioteca virtual especializada do Piauí. A aquisição é fruto de convênio firmado entre a Procuradoria Geral do Estado (PGE) e a editora Fórum, referência em Direito Público no país. São mais de três mil títulos nas mais diversas áreas do Direito, que podem ser acessados livremente por estudantes, professores e técnicos da instituição, além de todos os servidores do estado, através do site da Uespi e do aplicativo Bidfórum.
Desse modo, é possível perceber que mesmo em meio as atribulações, principalmente de teor financeiro, a universidade vem buscando melhorias junto à comunidade acadêmica para manter o tripé: pesquisa, ensino e extensão.
Fonte: CCOM