Ao ser entrevistado pelo jornal El País, há uma semana, em Madrid, o governador Wilson Martins foi indagado: como vender o Piauí, se a Europa conhece do Brasil basicamente São Paulo e Rio de Janeiro? A resposta foi curta e direta: “É exatamente para isto que estou aqui, para mostrar que há um outro Brasil, cheio de oportunidades para quem deseja investir em novos a mais amplos horizontes”.

E, já quase encerrando a viagem por quatro capitais europeias, os resultados se mostram bem promissores. Wilson assinou acordos, concretizou financiamento que garante R$ 80 milhões de investimentos no semiárido e participou de uma série de encontros com empresários. Em todas essas reuniões, uma mesma preocupação: vender as potencialidades do Piauí e atrair investimentos.

Em entrevista, por e-mail, ao Jornal Meio Norte, Wilson diz que abriu muitas portas. E as missões empresariais começarão a chegar já a partir do próximo mês. “Há um interesse claro no Brasil e essa nossa viagem colocou o Piauí como alternativa real para esses investidores que olham para nosso país”, diz em entrevista exclusiva.

Meio Norte – Qual é o balanço que o senhor faz da viagem à Europa?

Wilson Martins – Ainda temos compromissos em Berlim, neste início de semana, onde vamos fazer acordo na área de saúde, conversar com empresários e participar de uma conferência sobre investimentos na América Latina. Mas já podemos fazer um balanço muito positivo, tanto do que conseguimos na Espanha e Itália e das perspectivas extraordinárias que criamos na Rússia. O bom é que não estamos apenas plantando para o futuro, mas já colhendo frutos agora, com resultados imediatos bem concretos.

Meio Norte – O que a gente pode relacionar de concreto dessa viagem?

Wilson Martins – Temos três ações de grande importância. Primeiro, o acordo com o ministério da Educação da Espanha, que viabiliza o intercâmbio de estudantes da rede pública, alunos do ensino médio, e também a formação de professores. Na Itália assinamos com o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA) um financiamento de R$ 80 milhões que vai fortalecer nosso trabalho contra a extrema pobreza no semiárido. E na Alemanha teremos um acordo na área da saúde que vai colocar dentro da Uespi um dos maiores especialistas da Europa em traumatologia e ortopedia. Além disso, tivemos encontros animadores com empresários que podem ser traduzidos como bem concretos e produtivos, porque criou-se um grande interesse no Piauí.

Meio Norte – Sobre o acordo com a Espanha, como se dará esse intercâmbio de alunos?

Wilson Martins – Esse intercâmbio é um sonho que o governo vai realizar para centenas de alunos da rede estadual, garantindo uma estância em um país de língua inglesa ou espanhol. Os alunos serão selecionados conforme desempenho escolar, para passar um período no exterior. O governo da Espanha vai nos dar suporte, garantindo inclusive a presença desse aluno na escola regular espanhola. É um projeto com um enorme poder transformador, porque dá uma experiência nova e uma visão de mundo muito mais ampla a nossa juventude, em especial a uma juventude que nunca teria condições financeiras de realizar esse sonho.

Meio Norte – Dos contatos da viagem, o que se poderá colher mais no futuro?

Wilson Martins – Sem dúvida, a atração de importantes investimentos. Foi muito grande o interesse na geração de energia e na nossa área mineral, inclusive o setor de gás e petróleo. Chamou atenção enorme interesse na participação em nossos projetos de infraestrutura, seja como construtor ou operacionalizador. Também há interesse na indústria e agroindústria, a partir do potencial dos cerrados. Na Espanha, três grupos de empresários estão sendo formados para visitarem o Piauí, um deles por iniciativa do próprio governo da Espanha, e os outros por vontade dos empresários. Há ainda um outro grupo da Rússia. E deveremos ter o mesmo tipo de interesse na Alemanha. No caso da Alemanha e Rússia, estamos mantendo entendimento com duas empresas específicas para instalação de uma montadora de pequenos veículos. Nossa localização estratégica e a ligação com dois grandes portos fortalecem essa nossa luta pela transformação também na área industrial.

Meio Norte – Qual a maior dificuldade para vender o Piauí para investidores estrangeiros?

Wilson Martins – Fazer eles perceberem que somos uma parte extraordinária do Brasil. O Brasil é festejado como uma alternativa importantíssima que o mundo inteiro olha com grande interesse. Mas a maior parte só conhece Rio e São Paulo. Dei uma entrevista para o El País, o principal jornal da Espanha, e o repórter quis saber como convencer empresários a investirem num estado desconhecido. Eu disse: É exatamente para isto que estou aqui, para mostrar que há um outro Brasil além de Rio de São Paulo, cheio de oportunidades para quem deseja investir em novos a mais amplos horizontes. Quando falo o que o Piauí tem, há um encantamento, como ocorreu na reunião com a Confederação Espanhola das Organizações Empresariais, ou com a Câmara de Comércio Brasil-Rússia.

Meio Norte – Tem sido difícil convencer das potencialidades do Piauí?

Wilson Martins – Não. Tem sido fácil. Temos um material de divulgação bem didático que dá uma ideia clara do que é o Piaui. Sempre faço uma apresentação em power point e apresento um vídeo de 5 minutos sobre essas potencialidades, além de responder perguntas. E sempre associamos nossa fala com a realidade de cada lugar. Na Espanha, por exemplo, cheguei e disse: olha, o Piauí tem a metade da área da Espanha, mas tem terras boas e livres para plantar, e um potencial enorme em turismo, agronegócio, mineração e energia. Eles ficam encantados, porque não conheciam quase nada da gente. E ficam empolgados porque nos colocamos como um parceiro daqueles que desejam investir no Piauí. Vale destacar o apoio que tenho recebido das embaixadas no Brasil em cada cidade. A embaixada é um avalista fundamental nesse trabalho, porque dá a credibilidade institucional necessária, além do apoio operacional.

Meio Norte – Como atrair investimentos de uma Europa em crise?

Wilson Martins – A Europa vive uma crise enorme. Dentro dessa crise, está a falta de alternativa para o capital empresarial ou mesmo os recursos estatais. É aí que nossas possibilidades aumentam, porque o Brasil é visto como um país aberto aos novos negócios, como destino desse capital que não encontra oportunidades na crise europeia. Há um interesse claro no Brasil e essa nossa viagem colocou o Piauí como alternativa real para esses investidores que olham para nosso país com tanta vontade. Temos que aproveitar essa chance agora, nestes próximos anos, e é exatamente o que estou fazendo, colocando o Piauí como um destino seguro e rentável para que deseja investir. Para nós, é importante porque vai atrair empresas, gerar empregos e mudar a realidade de nosso povo.

Meio Norte – Quais as áreas de mais interesse?

Wilson Martins – Varia conforme o país. Na Espanha tivemos interesse grande em energia, mineração e gestão de água, além da própria indústria da transformação. Na Itália, nosso foco foi o desenvolvimento rural, dentro da nossa meta de acabar com a extrema pobreza. Na Rússia e Alemanha a centralidade está na indústria da transformação, na atração de montadora. O certo mesmo é que o Piauí oferece oportunidades como poucos cantos no mundo inteiro.

Meio Norte – Quando esses empresários começam a conhecer de perto a realidade do Piauí?

Wilson Martins – Já temos um grupo de espanhóis agendados para o próximo mês. E Outros dois com indicações de visitas até julho. O mais importante é que essas visitas são iniciativa dos próprios empresários ou dos governos europeus, sem custo para o Piauí. Claro, o que precisarem de apoio para conhecerem de perto a nossa realidade, estaremos sempre prontos o suporte necessário. Temos que ser agressivos nesse trabalho porque há outros estados tentando fazer o mesmo e precisamos nos mostrar mais atrativos. Mas estou confiante de que conseguiremos bons resultados.

Meio Norte – Esse otimismo do senhor contagia os empresários?

Wilson Martins – Espero que sim. Mas de uma coisa nunca duvide: sou sempre muito otimista com as possibilidades do Piauí e trabalho para esse enorme potencial que temos se concretize como opção real para investidores europeus que buscam alternativas bem concretas. O Piauí não é só um sonho do futuro. É uma realidade palpável no presente.

Fonte: meionorte.com