O corte de recursos do governo federal pode provocar o fechamento do Parque Nacional da Serra da Capivara. A coordenadora do parque e presidente da Fundação Museu do Homem Americano, Niède Guidon, afirma que não está recebendo verbas do Instituto Chico Mendes e do Iphan. Ela declara que não sabe o que acontecerá com o parque daqui a dois meses, quando acaba o dinheiro que ainda resta.

"Temos recursos para mais dois meses e são doações da Petrobras. Teremos que vender carros e maquinário provavelmente para conseguir dinheiro. Depois não sei mais, teremos que parar e o parque vai ficar aberto aos caçadores e traficantes [de animais]", declarou Niède em entrevista ao Notícia da Manhã.

A coordenadora afirmou ainda que haviam sido construídas 230 guaritas e mulheres eram pagas para fazer ronda nos 240 Km de mata que compoem o parque. Mas uma recomendação do Ministério Público do Trabalho, alertando que as funcionárias não poderiam dormir fora de casa, fez com que 23 delas pedissem demissão e o parque ficou desguarnecido.

Niède alerta que as guaritas estão servindo de esconderijo para os caçadores. "Eles estão agora se escondendo nas guaritas e nós estamos com muito medo porque eles andam fortemente armados. Os caçadores estão brincando de atirar nas pinturas. Eu acho que perdi meu tempo porque os governantes, que poderiam ter resolvido o problema e desenvolvido aquela região há muito tempo nada fazem. É um patrimônio tombado pela Unesco e foi escolhido um dos destinos turísticos da Copa do Mundo e não sei como vão fazer porque nem os funcionários do Iphan estão podendo trabalhar porque não tem dinheiro", explicou.

 

Aeroporto internacional

A demora para a conclusão do aeroporto de São Raimundo Nonato é outro fator que atrasa o desenvolvimento do turismo na região. Niède afirma que, ao contrário do que diz o governo do Estado, as obras estão paradas. "Só tem dois funcionários lá. A obra está completamente parada. Cada vez que se manda um recurso trabalham um pouquinho e depois para de novo. Eu não aguento mais vir a Teresina de carro porque chego cansada demais. A gente fica procurando estradas alternativas, mas é só um buraco atrás do outro", afirmou.

Fonte: Cidade Verde, por Leilane Nunes