O erro grosseiro pôs em xeque toda a perícia do Rio, na avaliação do deputado estadual Marcelo Freixo (Psol), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Alerj. Ele anunciou que vai convocar a chefe de Polícia Martha Rocha e o diretor do Departamento de Polícia Técnica e Científica, Sergio Henriques, para uma audiência pública, em agosto, após o recesso parlamentar.

“É inadmissível um erro desse e passamos a confiar muito pouco no trabalho. Se no caso do Juan, de grande repercussão, aconteceu isso, imagina nas outras mortes do estado, casos, em sua maioria, que não se pede exame de DNA?”, questionou Freixo.

Para o deputado, diversas questões não estão esclarecidas, como a proximidade do local do encontro do corpo com o 20º BPM (Mesquita) e a pancada na cabeça que a perícia inicial havia apontado no corpo de Juan. “O que está claro é que os traficantes não mataram Juan e o transportaram por cerca de 20 quilômetros, perto do batalhão e longe do local do crime. Essa perícia inicial apontou a pancada na cabeça. Houve essa agressão? As testemunhas viram Juan ser baleado. Isso eles me falaram pessoalmente”, acrescentou.

Ontem, a ONG Rio de Paz promoveu uma série de manifestações pela cidade — em locais como Aterro, Copacabana e Engenhão —, empunhando uma faixa com os dizeres: ‘Quem matou Juan?’.

Sequência de falhas atrasam a investigação e a conclusão do caso.

Dia 20, policiais do 20º BPM (Mesquita) vão à comunidade Danon checar informação sobre traficantes. Na ação, Juan desaparece, um rapaz é morto e dois são baleados, entre eles um irmão do menino.

Logo após a ação, PMs registram o caso como auto de resistência na 56ª DP (Comendador Soares). Apresentam armas e drogas e não falam sobre Juan.

O sumiço do menino só vem à tona no dia seguinte após denúncia da família de que ele fora baleado. Uma série de falhas na investigação da 56ª DP, entre elas a demora em pedir perícia para o local, faz o caso ser transferido, uma semana depois, para a Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense.

Afastados da rua cinco dias após a operação, os PMs vão para serviços internos no mesmo batalhão. Só ontem eles foram transferidos para a ‘geladeira’ da corporação.

A primeira perícia no local só ocorreu oito dias após o sumiço, dia 28. O chinelo que o menino usava no dia 20 foi encontrado. Só então começaram as buscas pelo corpo.

W., baleado no confronto, foi apontado como traficante e ficou cinco dias algemado no hospital. A família comprovou que o rapaz trabalha e ele é incluído no Programa de Proteção à Testemunha só duas semanas após o confronto.

Dez dias após o sumiço, dia 30, foi achada a ossada que a perita atestou ser de uma menina. As buscas a Juan continuaram por 4 dias. Só ontem, após dois exames de DNA, a Polícia Civil admitiu o erro.

Fonte: Meio Norte.