Um homem que teve de amputar as pernas depois de um acidente de viação e que não podia receber próteses foi sujeito, esta semana, ao primeiro duplo transplante de membros inferiores do mundo. A cirurgia, feita pelo médico espanhol Pedro Cavadas, realizou-se no domingo em Valência e correu bem.

A cirurgia decorreu durante toda a noite de domingo para segunda-feira, ao longo de dez horas. Mas só agora a equipa falou dos resultados em conferência de imprensa. Segundo o jornal espanhol El País, o hospital universitário La Fe, em Valência, afirma, num comunicado, que é a primeira cirurgia deste tipo no mundo, informação confirmada à rádio pública espanhola pelo director da Organização Nacional de Transplantes de Espanha, Rafael Matesanz, que diz que a sua organização foi informada da cirurgia e autorizou-a em Maio do ano passado. A autorização do Ministério da Saúde veio em Novembro de 2010. Decorreu então depois todo um percurso de preparação do paciente e de espera por um doador compatível.

Matezans conta ao i>El País que o paciente em causa sofreu amputações muito acima do joelho e que não podia receber próteses, estando limitado a uma cadeira de rodas. E que o processo de busca de um doador compatível foi muito complicado, uma vez que a idade entre doador e receptor tinha de ser próxima e o doador não podia estar muito longe da unidade hospitalar onde ia decorrer o transplante.

O cirurgião Pedro Cavadas tem no currículo vários transplantes mediáticos: foi ele o primeiro médico a realizar em Espanha, em Outubro de 2008, um duplo transplante de braços e foi o primeiro cirurgião do mundo a fazer um transplante facial com mandíbula e língua incluídas, em Agosto de 2009.

Cavadas está otimista, mas, na conferência de imprensa, não escondeu que o êxito da cirurgia depende da evolução do paciente e que terá agora de se esperar para que as terminações nervosas das pernas do homem, entre os 20 e 30 anos, reconheçam as terminações nervosas de músculos, articulações e pele das duas novas pernas.

Cavadas diz que o homem chorou, assim que acordou da cirurgia. O cirurgião conta que o paciente mexa os joelhos daqui a três semanas, que consiga suportar o seu peso nas novas pernas daqui a três meses e que ande dentro de uma piscina ao final de seis. “Esta é medicina real, de primeira divisão”, disse o especialista.

O El País conta que a ministra da Saúde espanhola, Leire Pajín, já falou com o cirurgião para felicitá-lo pela intervenção.

 

Fonte Meio Norte