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Dos 611 homicídios registrados ano passado, em todo o Piauí, 63 foram de mulheres. No primeiro bimestre deste ano, 6 assassinatos de mulheres já foram registrados em todo o Estado. Estes dados e outras questões sobre crimes contra a mulher foram debatidos em uma audiência pública sobre enfrentamento ao feminicídio, na manhã desta segunda-feira (07), no Plenário da Câmara Municipal de Teresina. Estiveram presentes no encontro a delegada Eugênia Villa, secretária adjunta de Segurança Pública, e representante de outras entidades públicas e movimentos sociais organizados que trabalham pela causa da mulher.

A audiência pública foi proposta pelos vereadores Paixão e Rosário Bezerra, para a apresentação das políticas de segurança pública voltadas para o feminicídio para todo o estado do Piauí, por parte da Secretaria de Segurança do Estado. “Queremos chamar a atenção da sociedade para o feminicídio, que é a morte pelo fato de se ser mulher. Então, nós conclamamos essa audiência para ouvir todas as autoridades e principalmente as organizações de mulheres que se sensibilizam com esses acontecimentos”, diz a vereadora Rosário Bezerra.

De acordo com a delegada Eugênia Villa, os casos de assassinatos de mulheres registrados no Estado ainda não podem ser classificados como feminicídio, que é um homicídio qualificado baseado em relações de gênero e de poder. Segundo ela, a Secretaria de Segurança do Estado está realizando um trabalho junto ao Núcleo Investigativo do Feminicídio, para qualificação dos inquéritos policiais. “Antes de existir a lei do feminicídio, a Secretaria de Segurança criou o Núcleo Investigativo do Feminicídio para apurar os casos de crimes contra a mulher em todo o estado. Nós criamos o núcleo, porque percebemos que, não só aqui no Piauí, mas em todo o Brasil, as delegacias de mulheres não apuram os casos de assassinatos de mulheres. É o crime mais odioso e as deãs não apuram, então isso traz um déficit democrático”, afirma.

O Piauí é pioneiro no desenvolvimento de políticas públicas para a segurança do público feminino. Segundo a delegada, o Núcleo Investigativo de Feminicídio do estado é o primeiro do Brasil e inclui, não só a mulher, mas toda pessoa que se considera do gênero feminino, como travestis e transexuais. “O conceito de mulher que nós atribuímos extrapola a ideia da mulher enquanto unidade biológica, são alcançados transexuais e travestis, porque entendemos que a violência é baseada em relações de gênero, relações de poder. Não é só a mulher que está do lado fraco dessas relações, mas toda pessoa que se considera do gênero feminino”, diz.

A delegada declara que serão criadas novas delegacias da mulher na capital e nas cidades de Esperantina e Bom Jesus, atendendo, assim, a outros pontos do Estado. Serão criadas, também, as delegacias do Feminicídio e de Crimes de Informática, esta última, irá apurar casos de exposição da mulher em redes sociais. Segundo Eugênia, a ideia é que todas as delegacias de mulher do Estado sejam congregadas em um só departamento. “Nós vamos erigir a política de proteção da mulher ao mais alto patamar da segurança pública, como um departamento, a exemplo do de narcóticos e o de pessoas assassinadas”, encerra.

Fonte: Meio Norte