Existem atualmente 445.572 mulheres advogadas no país, que representam 47% do quadro total de advogados. Apesar de crescente a participação feminina na advocacia, contudo, as advogadas ainda hoje enfrentam preconceitos e obstáculos no seu trabalho diário, fruto do machismo arraigado na nossa cultura e decorrente do próprio direito Romano e da sua influência no nosso sistema jurídico.
Para ilustrar este contexto, basta dizer que a atual diretoria da OAB/Federal é composta somente de homens, assim como ocorria na gestão anterior, e das 27 seccionais apenas a de Alagoas é presidida por mulher.
Ora, se ainda hoje as mulheres enfrentam grandes dificuldades na área jurídica, principalmente nas pequenas cidades, imagine esta situação no início dos anos 80 do século passado, em plena época de ditadura militar. Foi nesse cenário que Maria das Graças Quixadá formou-se em Direito e começou a exercer a advocacia em Parnaíba. Mas, por sua dedicação e competência, logo se destacou profissionalmente, assumindo, desde cedo, postura de independência nos seus posicionamentos.
Foi vice-presidente da OAB/Parnaíba em diversos mandatos e assumiu a presidência no triênio 2001-2003, sempre intransigente na defesa das prerrogativas dos advogados.
Como vice-presidente, no período de 2004/2006, participou ativamente das campanhas promovidas pela OAB de Parnaíba, então presidida pelo advogado Cajubá Neto, dentre elas a de combate à exploração sexual de menores e adolescentes e combate à corrupção eleitoral.
Prestativa e sempre disposta a contribuir com classe dos advogados, no dia 12.01.1985 redigiu a histórica Ata de Instalação da Subseção da OAB em Parnaíba, mesmo não fazendo parte daquela primeira diretoria.
Solidária, no dia 23.02.1989, sugeriu em Reunião da Diretoria da OAB, que fosse feita mensalmente a confraternização dos advogados “aniversariantes do mês”.
Estudiosa, foi professora universitária (Curso de Direito), cursou pós-graduação e exerceu o cargo de Juíza Leiga dos Juizados Especiais de Parnaíba. Mas, por vocação, era a advocacia sua atividade principal, na qual alcançou notoriedade em Parnaíba e no Piauí.
Aguerrida, manifestava seus pontos de vista sempre com sinceridade, sem arrodeios e assumia o patrocínio de uma causa com o mesmo entusiasmo como se fosse a primeira de sua exitosa carreira.
Destemida, nunca se abateu com qualquer que fosse a dificuldade, nem mesmo com a doença, contra a qual travou a maior de suas lutas, sempre com muita perseverança e com o irrestrito apoio dos filhos e de seu dedicado marido, Dr. Cardoso.
A advocacia parnaibana perdeu a Dra. Maria das Graças Quixadá Dias Cardoso, mas, justamente no Ano da Mulher Advogada (2016), ela deixou um legado inesquecível para as novas e futuras gerações de advogados e advogadas, em quem estes devem se espelhar.