A BANDA PODRE
Vitor de Athayde Couto
– Ei… se tu achas que foi o ensurdecedor Decibel Marques quem primeiro misturou chiclete com banana, é porque nunca ouviste o paraibano José Gomes Filho, mais conhecido como Jackson do Pandeiro (ouve aqui).
“Aí eu vou misturar
Miami com Copacabana
Chiclete eu misturo com banana
E o meu samba vai ficar assim:
Tururururi bop-bebop-bebop”
(Trecho da música “Chiclete com Banana”, de Gordurinha, Almira Castilho e Jackson do Pandeiro, gravado pelo próprio Jackson, em 1959).
Diante do sucesso da mistureba jacksoniana, surgiram outras bandas por outras bandas, como a Catuaba com Amendoim, Caviar com Rapadura, Limão com Mel, Mastruz com Leite…
– Raxêga, bróder!
– Chega nada, macho! Ainda tem as bandas mequetrefes que elevaram, até o esgoto infinito, várias misturas inspiradas nos cardápios das comidas de rua, ops, desculpe, agora é street food.
Na mesma categoria gastronômica, aparecem, por ordem alfabética de A até Zorra, as seguintes bandas: Acarajé com chalchicha, Cuscuz com meuzóvo, Escondidim com dindim, Estrogonofe com feijão, Hot-dog com mingau de cachorro, Ketchupe com vatapá, Manjuba com miojo, Pipoca com paçoca, Quêjo com oréga, Sarapatel com pastel, Vaca atolada com bobósta de camarão, e nada com Zorra nenhuma.
– Misericórdia!
– Na categoria energéticos, a criatividade não tem limite, é de fazer inveja a qualquer barista pós-graduado no senáky, repara só o naipe dos drinks: Abraçando a privada, Boneca vomitada, Chupeta, Motor de arranque, Pequena mulher da roça (Caipirinha), Rosca de pitomba, Saudade da Celite, Uísque escocês 12 anos com pitchula, Voudelá com vodca, e Zerda com Q-suco de groselha… Tudo com muito açúcar.
Já na categoria underwear (roupas de baixo, mais conhecidas como langerrí), tu irás encontrar calcinhas usadas e mal lavadas, de várias cores (calcinha preta, calcinha branca, verde, cinza-jumento…), até ligas pra meias-tarrafas, califon de quenga de coco, cassóla box com recheio de bunda desembestada no piseiro, e a famosa banda Cuecão de Couro, que garante toda segurança a quem pagar ingresso, até porque, se não pagar… é cráu!
– Cráu?
– Sim, cráu!
– Misericórdia!
– Pois então vai lá na festa, aproveita que é ano eleitoral, é digrátis, mas protege os ouvidos, o otorrino te espera.
– O quê? Quem? Não ouvi.
– O otorrino.
– Quem?
– O MÉDICO DE SURDEZ!!!
– Ah, tá. Valeu, bróder!
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Ouça o áudio com a narração do autor:
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