A CULPA É DAS ÁRVORES

 

Vitor de Athayde Couto

Com seu complexo crônico de vira-latas, as vozes da grande imprensa, ops!, da grande mídia, defendem privatizações a qualquer custo para o contribuinte brasileiro pagar. Isso mesmo, a qualquer custo!

Essas vozes do aquém adoram pronunciar palavras, imitando o jeito de falar de um americanozinho médio, desses… do tipo campeão de basquete na quadra do condomínio em algum bairro de Paris, Texas.

Lembro que, no auge da lavajato, éramos obrigados a ouvir todo dia a palavra tríplex, quando jornalistas, radialistas, entrevistadores e âncoras referiam-se a um certo triplex. Fico me perguntando por que eles também não pronunciam Uníssex, em vez de Unissex, e aquelas velhas marcas Dúrex, em vez de Durex, Eucátex, em vez de Eucatex, ou Vegétex, em vez de Vegetex etc. etc. etc.

Nesta semana, depois de mais uma ventania previsível, que fez parar mais uma vez a imparável São Paulo, sem energia, a mesma grande mídia voltou a atacar e nós voltamos a ouvir todo dia a palavra Ênel, com referência à Enel, empresa privatizada. Novamente fico me perguntando por que eles também não pronunciam ânel, em vez de anel; Anátel, em vez de Anatel etc. etc. etc.

Com mais de duas mil ocorrências de quedas de árvores, os pôderes, ops!, os poderes públicos e as vozes da grande mídia, jajá vão nos obrigar a ouvir “manejo arbório”, referindo-se ao manejo arbóreo urbano. É até compreensível ouvi-los falar arbório, dada a concentração de ítalo-paulistanos na capital.

Pergunto (e respondo): por que arbório e não arbóreo? É que um dos pratos ditos típicos da capital paulistana, além da pizza, é o risoto. E risoto deve ser feito com “arroz arborio”, conforme consta nas receitas e nas embalagens do produto – o que nos leva a pensar que o arroz de risoto dá em árvores, haha. Nananão, o arroz de risoto continua sendo uma gramínea da região de Arborio, na Itália.

Pergunto-me também se os libérais, ops!, liberais, ainda vão querer privatizar a Sabesp, e já me preparo para ouvir todo dia a palavra Sábesp, Sábesp, Sábesp, foi, não foi, foi, não foi… e eu fui!

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Ouça o áudio com a narração do autor: 

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