Imagine se o prefeito de São Paulo, João Dória Júnior, metesse naquela cabeça de vento de desocupar o centenário edifício do Museu do Ipiranga, onde segundo a história do Brasil o príncipe dom Pedro proclamou a independência e instalar um abrigo pra moradores de rua, drogados, ladrões de celular, de carros e de motos, arrombadores, homicidas e arruaceiros que estão infestando a famigerada Cracolândia na região do centro velho de São Paulo?
Imagine o prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, mandando sem mais nem menos, desalojar os centenários e importantes Museu Nacional de Belas Artes e a Biblioteca Nacional na avenida Rio Branco pra neles instalar abrigos de drogados, fumadores de crack e de maconha, ladrões, arrombadores de lojas e de residências e que infernizam e intranquilizam a segurança de toda a população carioca?
Imagine se os prefeitos de Petrópolis e Teresópolis, na região serrana do Rio de Janeiro, seguissem os exemplos nefastos de seus colegas, carioca e paulistano metessem a marreta no Museu Imperial pra neles instalar abrigos de moradores de rua? São centros culturais e de pesquisa científica de referência no mundo inteiro e são procurados por centenas de milhares de estudantes, turistas, curiosos. Dão estes centros orgulho e dimensão à história do Brasil.
Mais aqui em baixo imagine se ocorressem situações semelhantes em Manaus, Belém, Salvador, Recife e Fortaleza? Qual o destino do Teatro Amazonas, do Mercado do Ver o Peso? E lá em Minas, o Museu da Inconfidência? Em Brasília o Museu do Candango? Tem é lugar pra num espaço desses se elencar como de natureza importante pra história e o patrimônio de pedra e cal.
Se for desse jeito e se esses prefeitos seguirem o exemplo de Mão Santa, prefeito de Parnaíba, no Piauí, dentro de pouco tempo não vai restar pedra sobre pedra pra contar a história. Semana passada estive no Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Parnaíba, na rua Conde D’Eu. O presidente Reginaldo Pereira do Nascimento Júnior estava aflito. E não era pra menos. A prefeitura, depois de retirar a Biblioteca Municipal da parte do térreo pretende instalar um abrigo pra moradores de rua.
Até que a questão da retirada da biblioteca pública pra uma escola desativada na rua Marechal Pires Ferreira faz sentido, se justifica, dada a precariedade em que estavam as salas e o acervo. O que não se justifica e nem entra na cabeça de ninguém é a pretensa vontade de se instalar ali um abrigo pra moradores de rua na região do centro histórico! Pelo que ouvi do presidente o pessoal da prefeitura não quis nem saber dos argumentos e as consequências desta medida.
Realmente o prédio onde está instalado o instituto é de propriedade da prefeitura, mas cedido através de documento à destinação cultural ao próprio instituto, biblioteca e espaço de eventos. E mais grave, dentro da área de tombamento do IPHAN. Nem o instituto e nem esse órgão federal, pelo que estamos sabendo, foram notificados formalmente sobre qualquer intervenção na sua estrutura. Onde já se viu uma coisa dessas, colocar num prédio histórico e com destinação definida um abrigo pra moradores de rua? Onde é que Mão Santa está com a cabeça?
O Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico, certo que não tem lá essas coisas valiosas, já foi arrombado várias vezes e dele roubados documentos e peças! E todas as pistas levam a esse pessoal, moradores de rua como suspeitos. Ora, se esse pessoal, apenas circulando pela região já foi capaz de produzir esses estragos, imagine morando no próprio prédio?! O que não pode e nem tem cabimento é a prefeitura está dando uma de Estado Islâmico, destruindo tudo e dando destinação errada, enfim, interferindo onde não é de sua competência. As consequências futuras são realmente as imagináveis!