A dois dias do início do julgamento final do impeachment da presidente afastada, Dilma Rousseff, no Senado, 51 senadores declararam que votarão a favor do impeachment, Em levantamento feito terça-feira pelo GLOBO. Disseram que votarão contra 19 e não quiseram manifestar seus votos ou não foram encontrados 11 parlamentares.
Na votação da chamada pronúncia, quando Dilma virou ré, foram 59 votos a favor e 21 contra. São necessários 54 votos, entre os 81 senadores, para a condenação definitiva de Dilma à perda do mandato e à inelegibilidade por oito anos.
O julgamento começará na manhã de quinta-feira. Na primeira fase, só testemunhas serão ouvidas, o que deve acabar sábado. No dia 29, Dilma fará sua defesa e, em 30 e 31, haverá discursos e a votação.
Apesar de ainda não haver tal número, o clima é favorável ao impeachment. Vários senadores que não declararam sua preferência informaram às suas bancadas que votarão pelo afastamento definitivo da petista. Nos bastidores, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), tem sido pressionado pelos aliados a fazer o mesmo, mas ele disse que ainda analisa a situação.
O impeachment tem três fases no Senado: a admissibilidade (abertura), que ocorreu em 12 de maio; pronúncia, que ocorreu em 9 e 10 deste mês; e o julgamento final, a partir de amanhã. Ontem, alguns senadores que vinham relutando em declarar seus votos se se manifestaram. O presidente da comissão especial do impeachment, Raimundo Lira (PMDB-PB), disse que votará a favor do impeachment.
O senador Benedito de Lira (PP-AL) assumiu seu voto, alegando que agora, com o quadro já definido, não há mais motivo para não declarar sua posição. Ex-ministro de Dilma, o senador Eduardo Braga (PMDB-AM) também se manifestou pela condenação.
No caso dos aliados de Dilma, o senador Elmano Férrer (PTB-PI) disse que manteria sua posição contra o impeachment. O Palácio do Planalto ainda tenta mudar seu voto.
— Já votei duas vezes contra e mantenho minha posição. Pode colocar. Só se algo acontecer — disse Férrer.
O governo acredita que terá de 61 a 63 votos a favor do impeachment. Nessa conta, inclui o senador Edison Lobão (PMDB-MA), que foi favorável à abertura do processo e à pronúncia, mas evita declarar sua posição porque foi ministro de Dilma e não quer constrangê-la, mesma situação de Jader Barbalho (PMDB-PA).
Aliados de Temer acreditam que terão apoio de Fernando Collor (PTB-AL), Otto Alencar (PSD-BA), João Alberto (PMDB-MA), Hélio José (PMDB-DF) e Roberto Rocha (PSB-MA). Nos bastidores, os três senadores do Maranhão negociam votarem unidos.
Fonte: O Globo